A Marinha perdeu R$ 1 bilhão de forma gradual desde 2017, quando implantado o sistema de teto de gastos como política fiscal, informou o almirante Marcos Sampaio Olsen
O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, alertou, nesta quinta-feira (4), para os prejuízos à defesa nacional causados pelas reduções orçamentárias. De acordo com ele, a Marinha perdeu R$ 1 bilhão de forma gradual desde 2017, quando implantado o sistema de teto de gastos como política fiscal. A cifra representa 72% das despesas da Força.
O almirante fez esse alerta em discurso durante evento de comemoração ao Dia do Marinheiro a bordo do navio Atlântico, atracado na base naval da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. O ato contou com a presença do presidente Lula, que não discursou.
“A concepção de um poder naval crível não pode ser posta ao efêmero e inesperado. A Marinha resiste à marcha da obsolescência dos meios navais; insta, no decurso, por reaparelhamento para o eficaz cumprimento da destinação constitucional; e das atribuições subsidiárias adjudicadas à Autoridade Marítima Brasileira”, afirmou o almirante.
O comandante citou que terá que desativar 40% dos equipamentos de defesa até 2028 por “imposição e por restrições severas de orçamento que impedem a devida manutenção ou reaparelhamento”. “Nós não podemos negligenciar a defesa. […] Em uma ameaça iminente, se nós não tivermos por trás um hard power, se nós não tivermos por trás forças com capacidade dissuasória, nós seremos alcançados”, acrescentou.
“Em 2023, em coordenação com órgãos e instituições da administração pública federal, a Marinha buscou iniciativas que visam programação orçamentária com valor mínimo que assegure, no curto e médio prazo, previsibilidade de investimentos para perene e profícua consecução dos programas estratégicos”, prosseguiu o almirante Olsen.
Olsen apontou que há comprometimento na defesa nacional, redução nas atividades de segurança marítima e dificuldade para atender a diplomacia naval e prestar apoio a ações em estados. “É inadmissível uma Força que não tenha capacidade de causar dano, e capacidade de causar dano exige treinamento, exige munição, exige óleo, exige manutenção de seus meios. Exatamente em função daquele quadro orçamentário, nós temos perdido capacidade de atuação em todo aquele espaço”, disse.
Em um comunicado, a Marinha defendeu os investimentos em defesa. “Estudar possibilidades para permitir a elevação gradual do orçamento da Defesa é, portanto, determinante para que as Forças Armadas atinjam a capacidade operacional plena. Ressalta-se, também, que os investimentos em defesa são intensivos na geração de empregos e no desenvolvimento de ciência e tecnologia, trazendo inúmeros benefícios sociais para o Brasil”, conclui o comunicado.