O comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, fez um discurso criticando os militares envolvidos no golpe do dia 8 de janeiro de 2023, como o próprio ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
A manifestação foi feita em outubro, durante um curso de formação para 300 comandantes. As informações são do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Durante sua fala, o comandante do Exército citou o tenente-coronel Mauro Cid, o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto e o major Rafael de Oliveira “como exemplo dos caminhos que não devem ser seguidos no Exército”.
“As declarações atingiram em cheio a ala bolsonarista do Exército, que não gostou da exposição dos oficiais”, afirmou o jornalista.
Os três militares foram presos pela Polícia Federal na Operação Tempus Veritatis (“hora da verdade”), que investiga a tentativa de golpe de estado.
Mauro Cid, filho do general Mauro Lourena Cid, foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro até o fim de seu governo, tendo participado de diversos crimes cometidos na antiga gestão.
Em colaboração premiada, Cid entregou provas de que Jair Bolsonaro planejou um golpe de estado e chegou a pedir apoio para os antigos comandantes das Forças Armadas. O ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, e o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, confirmaram o caso aos investigadores.
A investigação também obteve conversas entre Mauro Cid e o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, que demonstram a participação do segundo na trama golpista enquanto “operador militar”.
Corrêa Neto convocou reuniões com militares das chamadas Forças Especiais (FE) para atuarem nas agitações nas portas dos quartéis e nas invasões do 8 de janeiro de 2023.
Já o major Rafael Martins conversava com Mauro Cid sobre o envio de R$ 100 mil e de mais pessoas para os grupos golpistas que estavam acampados em frente aos quartéis do Exército.