“Que eles [os pracinhas brasileiros] sirvam de exemplo aos Soldados de Caxias, empenhados no cumprimento da missão constitucional do Exército, em defesa da Pátria e da democracia!”, diz o general Tomás Paiva em ordem do dia
O comandante do Exército, Tomás Miguel Ribeiro Paiva, publicou de forma antecipada a ordem do dia de comemoração da tomada de Monte Castelo, que completa 78 anos na terça-feira (21), e afirmou que “cultuar e reverenciar aqueles que escreveram esta página de honra e glória com seu próprio sangue é um dever de todos nós”.
A ordem do dia, publicada no site do Exército Brasileiro, aponta que a batalha, realizada em 21 de fevereiro de 1945, “é um marco inesquecível para o Exército Brasileiro”, cujo desfecho, favorável às forças antifascistas, “foi fundamental para as tropas aliadas e para o destino da guerra na Península Itálica”.
“A vitória das armas brasileiras, ao lado da 10ª Divisão de Montanha norte-americana, abriu caminho para o rompimento da temida Linha Gótica, contribuindo para o êxito do IV Corpo de Exército Aliado em sua ofensiva dirigida à libertação de Bolonha”, afirmou o comandante do Exército.
“O Exército Brasileiro teve um papel fundamental na história do conflito. Fomos o único país da América do Sul a cruzar o Oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo, com uma força de mais de 25.000 homens, para levar a democracia, a liberdade e a esperança ao povo italiano, combatendo o totalitarismo que ameaçava não somente a Europa, mas todo o mundo”, continuou.
“Cultuar e reverenciar aqueles que escreveram esta página de honra e glória com seu próprio sangue é um dever de todos nós. Aos nossos valorosos pracinhas, nosso reconhecimento e eterna gratidão! Que eles sirvam de exemplo aos Soldados de Caxias, empenhados no cumprimento da missão constitucional do Exército, em defesa da Pátria e da democracia!”, sentenciou o comandante.
Leia na íntegra a mensagem do comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva:
O Brasil não foi à guerra, mas a guerra chegou ao Brasil quando nossa soberania foi ultrajada e nossa neutralidade foi desrespeitada. Após o afundamento covarde de navios mercantes nacionais em pacífica navegação oceânica, não restou outra alternativa senão a declaração de guerra às potências do Eixo.
Relembramos hoje os 78 anos da tomada de Monte Castelo.
Não podemos esquecer que o Exército Brasileiro teve um papel fundamental na história do conflito. Fomos o único país da América do Sul a cruzar o Oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo, com uma força de mais de 25.000 homens, para levar a democracia, a liberdade e a esperança ao povo italiano, combatendo o totalitarismo que ameaçava não somente a Europa, mas todo o mundo.
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) enfrentou o hostil inverno italiano, as escarpas íngremes das montanhas dos Apeninos, as chuvas e os atoleiros dos caminhos tortuosos que levavam a Monte Castelo.
A missão dos brasileiros era desalojar os alemães que ocupavam fortificada posição defensiva e liberar a Rodovia 64, também chamada pelos italianos de via Porrettana, que levava à cidade de Bolonha. Essa operação daria início à liberação do solo italiano, ocupado pelas forças nazistas. Era imperativa para o moral dos bravos expedicionários a conquista daquela elevação. Fomos por quatro vezes repelidos, mas, com coragem e firmeza, nossos pracinhas encararam a crua realidade da guerra e, mesmo durante o rigoroso inverno europeu, intensificaram as ações de patrulha e infiltrações, além dos tiros de inquietação de morteiro e de artilharia.
Vencemos. O preço da vitória, para além da glória e do heroísmo, foi o tombamento de muitos de nossos soldados no solo italiano. Esses bravos repousam, em solene e eterna homenagem, no Mausoléu dos Heróis da Pátria, localizado no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro. O Monumento veio a cumprir o desejo do Marechal Mascarenhas de Moraes, Comandante da FEB, que, em afirmação de sua liderança e de seu respeito àqueles bravos homens, declarou: “eu os levei para o sacrifício; cabia-me trazê- los de volta”.
A batalha de 21 de fevereiro de 1945 é um marco inesquecível para o Exército Brasileiro. Foi uma difícil vitória, mas essa conquista impulsionou a FEB para outros sucessos, culminando com a rendição incondicional da 148ª Divisão de Infantaria Alemã em Fornovo di Taro, dois meses após esse grande feito. Nesse contexto, podemos dizer que a tomada de Monte Castelo foi fundamental para as tropas aliadas e para o destino da guerra na Península Itálica. A vitória das armas brasileiras, ao lado da 10ª Divisão de Montanha norte-americana, abriu caminho para o rompimento da temida Linha Gótica, contribuindo para o êxito do IV Corpo de Exército Aliado em sua ofensiva dirigida à libertação de Bolonha.
A FEB deixou registrado nos anais da História um dos feitos mais gloriosos da nossa Força Terrestre, escrito com demonstrações de bravura, abnegação, perseverança e fé no cumprimento da missão. A tomada de Monte Castelo tornou o combatente brasileiro reconhecido e respeitado.
Cultuar e reverenciar aqueles que escreveram esta página de honra e glória com seu próprio sangue é um dever de todos nós. Aos nossos valorosos pracinhas, nosso reconhecimento e eterna gratidão! Que eles sirvam de exemplo aos Soldados de Caxias, empenhados no cumprimento da missão constitucional do Exército, em defesa da Pátria e da democracia!
Brasília-DF, 21 de fevereiro de 2023.
General de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva
Comandante do Exército
Eu não sei porque tem gente que condena o Exército por ele ter escolhido o caminho da democracia e da Constituição. Se compreendessem o valor da vitória na batalha de Monte Castelo, talvez não iriam ofender tanto as Forças Armadas como têm procurado fazer nos últimos dias. Uma pena terem furtado o Diário de Guerra que meu avô deixou para mim, onde com sua linda letra, narrou todos os acontecimentos em detalhes. Sim, meu avô, que me ajudou a observar valores muito diferentes destes que hoje, querem deturpar a imagem daqueles que não compactuaram com o golpe contra a democracia. Tenente da Infantaria, meu avô voltou com sequelas da granada que explodiu muito perto de si nesta batalha. Porém, com todos os agravos que presenciou, passando muito tempo na Itália, nunca se manifestou com ódio e deboche em nenhuma situação política no Brasil, nunca foi a favor de conflitos e proliferação de armas. Nunca foi grosseiro com ninguém, principalmente mulheres. Ao contrário, com aqueles passos enormes e com postura de um soldado, mesmo sem farda, era um homem verdadeiro que sabia respeitar as instituições. Nunca se levantaria contra algo que fosse injusto no país e mesmo sendo um guerreiro, era humanitário e amava a paz. Nunca se corrompeu também. Faleceu humilde, com poucos bens, tinha o suficiente somente para viver com dignidade. Porém, vejo alguns que blasfemam contra os poderes constituídos, que vociferam com ódios e amarguras por coisas que pouco sabem, que são corrompidos pelo ouro e dinheiro ganho às custas da destruição da águas e da natureza, além de genocídios de povos fragilizados. Vejo os que amam as mentiras e detestam as ciências e as verdades. Não é questão de defender este ou aquele presidente, esta ou aquela ideologia, mas, sim, defender um país em sua diversidade, em seu livre arbítrio daqueles que, achando serem capazes de subornar verdadeiros comandantes, compactuam com vilezas e espertezas de quem vive sem honestidade e princípios. Parabéns aos que acreditam nas ciências, no esforço de cada um que passa a vida debruçado em estudos e pesquisas. Parabéns aos que percebem que nem todos conseguem superar a pobreza, por inúmeros fatores e que faz parte de um bom governo procurar direcioná-los. Parabéns aos que com humildade em servir, aceitam presidentes que buscam fazer jus ao serviço que lhe foi designado junto à população. Parabéns aos que hoje promovem a paz, mas, que atentos, sabem o momento certo que precisam agir, caso a democracia seja ameaçada de fato e não por suposições e achismos exagerados. Lembrando que a alternância de regimes e ideologias, desde que humanitárias e condizentes com a Constituição, fazem parte da verdadeira Democracia. Parabéns aos que pensam assim. Parabéns aos nobres comandantes e soldados que com diálogo e interlocução, sabem conduzir com bom senso um país.
Que bom seria que todo brasileiro pudesse conhecer e saudar a memória daqueles soldados e seus comandantes que atuaram com bravura durante a tomada de Monte Castelo.