O general Tomás Miguel Ribeiro Paiva discursou, na quarta-feira (18), numa cerimônia que homenageou os militares mortos no Haiti. “O Exército tem que ser uma instituição de Estado, apolítica e apartidária”, destacou
O comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, ex-chefe de gabinete do general Eduardo Villas Bôas, fez nesta quarta-feira (18) um contundente discurso em defesa do resultado eleitoral que levou Lula à Presidência da República. O vídeo foi divulgado pelo jornalista Guilherme Amado, do Metrópole.
O general disse que o Brasil enfrenta um “terremoto político”. “Esse terremoto não está matando gente. Ele que está tentando matar a nossa coesão, hierarquia, está tentando matar a nossa hierarquia disciplina e matar o nosso profissionalismo. Está matando o respeito que a gente tem, o orgulho que temos de vestir essa farda. Isso é que esse terremoto está tentando matar”, denunciou o comandante.
Ele acrescentou que o “terremoto político” é consequência de um “ambiente virtual que não tem freio e que todos nós, hoje, somos escravos”. No último dia 8 de janeiro hordas de bolsonaristas inconformadas com o resultado eleitoral invadiram o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto e destruíram tudo o que viam pela frente. Foi um ato fascista nunca visto no Brasil.
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“Para essa avalanche de informação, só tem um remédio, um antídoto. É mais informação. Não é pouca informação, é mais informação. É se informar com qualidade e buscar fontes fidedignas”, defendeu o comandante.
Paiva disse que militares não podem aderir a correntes políticas. “Isso não significa que o cara não seja um cidadão, que o cara não possa expressar seu direito de ter uma opinião. Ele pode ter, mas não pode manifestar. Ele pode ouvir muita coisa, muita gente falando para ele fazer isso ou aquilo, mas ele fará o que é correto, mesmo que o correto seja impopular”.
“Ser militar é ser profissional, respeitar a hierarquia e a disciplina. É ser coeso, íntegro, ter espírito de corpo e defender a pátria. É ser uma instituição de Estado, apolítica e apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito”, afirmou Paiva, numa cerimônia que homenageou os militares mortos no Haiti.
Ele disse que “é papel dos militares defender a democracia, e que o regime político pressupõe “liberdade, garantias individuais e políticas e públicas”. “Também é o regime do povo. Alternância de poder. É o voto, e quando a gente vota, tem que respeitar o resultado da urna. Não interessa. Tem que respeitar. É essa a convicção que a gente tem que ter, mesmo que a gente não goste. Nem sempre a gente gosta, nem sempre é o que a gente queria. Não interessa. Esse é o papel da instituição de Estado, da instituição que respeita os valores da pátria. Somos Estado”, enfatizou o militar.
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