O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou, em entrevista ao HP, que é mais do que urgente “levar a realidade do Brasil ao debate político, ao terreno que alcança a vida das pessoas, incluindo o necessário combate ao aumento do custo de vida”.
Na semana passada, Orlando esteve presente no ato de movimentos sociais contra a alta dos preços, realizado na Zona Leste de São Paulo, e considera que, diante da atual política econômica do governo Bolsonaro, “é inevitável que a luta popular, a luta social e os políticos vinculados aos interesses dos trabalhadores coloquem no centro do debate a luta contra a carestia que, no limite, é a luta também contra a fome, por direitos e é luta contra Bolsonaro”.
“Tem um lugar comum que diz que o ponto mais sensível do corpo humano é o bolso, que é onde as pessoas sentem, com muita dureza, as desigualdades que produzimos no Brasil. E quando Bolsonaro fala de voto impresso, indulto a Daniel Silveira, ataca o Supremo [Tribunal Federal – STF] está querendo tirar o foco daquilo que é o problema real do nosso povo”, denuncia Orlando.
O deputado destaca que cerca de 20 milhões de pessoas passam fome no país, enquanto metade da população não tem certeza se terá condições de fazer três refeições por dia. Ao mesmo tempo, o índice de desemprego e trabalhadores em serviços precarizados bate recordes. “A carestia, o aumento do custo de vida, é a face mais cruel do bolsonarismo. A era Bolsonaro combina desemprego, diminuição da renda dos trabalhadores, inflação e aumento de preços, principalmente sobre os produtos de primeira necessidade”.
A alta da inflação é puxada, especialmente, pela elevação dos preços dos combustíveis, dos alimentos e do gás de cozinha. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica já chega a custar R$ 713,86, o equivalente a 63% do salário-mínimo líquido.
“A fome voltou a alcançar o trabalhador brasileiro. Logo, o debate da carestia é o debate sobre medidas que afetam efetivamente o nosso povo. Essa abordagem, esse eixo, é o que deve orientar as forças de oposição ao Bolsonaro”, afirmou Orlando.
Para o deputado, além das manifestações de rua e organizações populares contra a alta dos preços, o Congresso também deve se voltar para esse debate, e lembrou do papel ativo dos parlamentares durante o enfrentamento da crise da Covid-19. “Eu mesmo participei da elaboração do auxílio emergencial. O Legislativo teve um papel protagonista no apoio aos governos estaduais e às medidas de proteção ao emprego. Eu diria que ali teve uma importância muito grande da ação do Congresso”.
Mas agora, afirma, “houve, é público, um acordo entre governo e lideranças que hoje comandam o Congresso Nacional. Isso na prática retira o protagonismo do Parlamento que, na minha visão, tem tido uma agenda desconectada da necessidade da população brasileira. Nós temos que, no ambiente do Parlamento, disputar para que o Congresso Nacional sintonize com as reais necessidades de nosso povo, entre os quais o combate à inflação, o combate à carestia, defesa de uma política econômica mais avançada que garanta a geração de emprego e renda”, afirmou Orlando.