Desde 2019, foram criadas 44 novas fábricas de ourivesaria em Roraima. Já na área de venda de joias foram criados 1.315 novos negócios
O número de fábricas, ourivesarias e lojas de joias em Roraima disparou durante o governo Bolsonaro por conta do fortalecimento do garimpo ilegal, mostram dados obtidos pelo portal Amazônia Real.
Desde 2019, foram criadas 44 novas fábricas no Estado. Já na área de venda de joias, foram gerados 1.315 novos negócios, segundo levantamento do portal com base em dados da Junta Comercial do Estado de Roraima.
Em 2020 e 2021, ainda durante a pandemia, foram abertas 695 novas lojas de joias. Em 2022, foram 376.
O garimpo ilegal, que age em terras indígenas e áreas de preservação ambiental, foi incentivado por Jair Bolsonaro e tem abastecido os negócios de ourivesaria e comércio de joias.
Como relata o portal Amazônia Real, os comércios se espalharam pela capital de Roraima, Boa Vista, formando “várias” novas “ruas do Ouro”, onde o comércio de material extraído ilegalmente acontece livremente.
“Já não há mais uma ‘rua do Ouro’ em Boa Vista, mas várias delas. Nos últimos anos, elas se espalharam para outros pontos comerciais além da região do entorno do monumento aos garimpeiros na Praça do Centro Cívico. A venda do metal precioso se expande velozmente para a zona oeste. Na avenida do comércio para os bairros periféricos, curiosamente chamada de General Ataíde Teive, há dezenas de joalherias. Em alguns pontos, desta que é a maior via de Boa Vista (11,29 quilômetros de extensão), as lojas ficam coladas umas nas outras. No centro, são 38 comércios do ouro”, afirma a reportagem.
O Amazônia Real visitou lojas de joias e presenciou a venda de ouro obtido através do garimpo ilegal. Os revendedores adquirem a grama de ouro vindo do garimpo a R$ 175 reais, mas o metal legalizado custa R$ 310 a grama.
O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal estão investigando a organização que extrai, “esquenta” e comercializa o ouro de garimpo ilegal na Amazônia.
A PF já cumpriu 48 mandados de busca e apreensão. Os criminosos fazem notas fiscais falsas para conseguir vender o ouro extraído ilegalmente para o exterior, principalmente para a Itália, Suíça, China e Emirados Árabes.
A investigação já descobriu que, entre 2020 e 2022, foram “esquentadas” 13 toneladas de ouro em notas fiscais falsas de R$ 4 bilhões.
O delegado da PF, Vinícius Serpa, falou ao site g1 que o esquema criminoso contava com pequenas empresas comerciais e uma grande, com sede nos Estados Unidos, que exportava o ouro. Os nomes das empresas não foram divulgados.
“Empresas menores recebiam o ouro ilegal e as notas fiscais ilegais. Depois, emitiam novas notas fiscais ilegais dando uma aparência de legalidade ao ouro. Então, o ouro era repassado para empresas maiores, no topo da exportação”, explicou.