Comissário da ONU condena Israel por “usar a fome para humilhar e colocar vidas em risco”

Crianças ameaçadas pela fome em Gaza quando risco aumenta por tiros de Israel nos centros de distribuição de alimento (PBS News)

O diretor da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philipe Lazzarini, enfatiza que são “as Nações Unidas que têm o conhecimento, a experiência e a confiança da comunidade para fornecer assistência digna e segura”

“O mecanismo de ajuda dos EUA na Faixa de Gaza não resolverá o agravamento da fome, e os horríveis jogos de fome não podem se tornar uma nova realidade”, afirmou o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, na quinta-feira (12).

Em publicação nas redes sociais, ele descreveu o modelo de distribuição dessa ajuda em Gaza, fora da supervisão da ONU, como “profundamente humilhante, degradante e que coloca vidas em risco”.

Lazzarini enfatizou que “as Nações Unidas têm o conhecimento, a experiência e a confiança da comunidade para fornecer assistência digna e segura”.

Em 1º de junho, a agência da ONU já havia denunciado que a distribuição de ajuda em Gaza em um centro montado pelos próprios invasores israelenses e operado por uma corporação privada, a norte-americana Fundação Humanitária de Gaza (GHF), se tornou “uma armadilha mortal”, com muitas vítimas sob fogo israelense relatadas durante a distribuição de ajuda.

E em 5 de junho, piorando ainda mais a situação, os EUA vetaram a resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia cessar-fogo “imediato, incondicional e permanente”, visando interromper a carnificina sob mando de Netanyahu no genocídio em curso na Palestina.

TRABALHADORES HUMANITÁRIOS PRECISAM DE SEGURANÇA

No momento em que a Faixa de Gaza vem sofrendo uma crise humanitária catastrófica desde que a ocupação fechou todas as passagens em 2 de março, impedindo a entrada de alimentos, remédios, ajuda e combustível, o Comissário-Geral solicitou que os trabalhadores humanitários da UNRWA pudessem realizar com segurança seu trabalho na Faixa de Gaza.

O número de mortos na região subiu para 55.207, a maioria mulheres e crianças, desde que Israel lançou sua ofensiva militar genocida em 7 de outubro, de acordo com fontes médicas na quarta-feira (11).

O número de feridos chegou a 127.821, com milhares ainda presos sob os escombros, enquanto os esforços de resgate continuam severamente prejudicados pelo bombardeio em andamento.

As fontes indicaram que o número de pessoas mortas que foram levadas para hospitais na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas chegou a 103, com 427 feridos.

SERVIÇOS DE INTERNET E COMUNICAÇÕES CORTADOS POR ISRAEL

A Autoridade Reguladora de Telecomunicações Palestina (TRA), em um comunicado emitido nesta quinta-feira, denunciou que todos os serviços de comunicação de internet e linha fixa na Faixa de Gaza foram cortados, após o ataque à última rota principal de fibra, observando a escalada do isolamento digital, apesar das inúmeras tentativas anteriores de reparar diversas rotas alternativas e cortadas.

A TRA observou que essa escalada contra a infraestrutura de comunicações ameaça isolar completamente a Faixa de Gaza do mundo exterior e impede que os cidadãos acessem serviços essenciais, que são vitais nas circunstâncias atuais, incluindo serviços de assistência, saúde, mídia e educação.

Alertou para as consequências humanitárias e sociais da interrupção, apelando a todas as autoridades locais e internacionais relevantes para que intervenham urgentemente para facilitar a implementação das medidas necessárias. Isso permitiria que as equipes técnicas chegassem com segurança aos locais da falha e realizassem os trabalhos de reparo necessários, visto que a interrupção contínua agrava a crise de comunicações e prolonga o isolamento imposto à Faixa de Gaza.

A TRA insistiu em que a ocupação está impedindo as equipes técnicas de consertar os cabos cortados ontem e obstruindo o acesso a rotas alternativas de backup. Observou que tentativas foram feitas durante meses para consertar diversas rotas alternativas, mas foram rejeitadas e as equipes foram impedidas de trabalhar.

Desde o início da agressão da ocupação na Faixa de Gaza em 7 de outubro de 2023, os serviços de telecomunicações e internet foram cortados várias vezes na região ou em grandes áreas dela, devido ao intenso bombardeio israelense ou ao esgotamento do combustível usado para operar geradores elétricos.

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