“Não mudou nada para as empresas. Não caiu um centavo na mão das empresas, o dinheiro foi todo para os bancos”, afirma Eduardo Moreira sobre as medidas do BC de combate à pandemia
Em vídeo publicado nas redes sociais, o economista Eduardo Moreira desmascara o projeto aprovado na Câmara dos Deputados que permite que o Banco Central compre títulos podres dos bancos como medida extraordinária de enfrentamento à crise.
“Não estamos protegendo as empresas. O dinheiro não está indo para as empresas, a gente só está protegendo a posição dos bancos e dos grandes investidores”, denuncia.
A PEC do “orçamento de guerra” que libera gastos do governo como medidas de combate à pandemia foi aprovada na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (1) e agora segue para o Senado.
O problema é que vestida de conteúdo de caráter humanitário e de socorro à economia, a medida permite transferir o prejuízo dos bancos para o BC, usando dinheiro do Tesouro Nacional.
“Muitas pessoas usando argumento que isso seria importante para ajudar a salvar as empresas. Não faz o menor sentido. Desse dinheiro que é utilizado pelo Banco Central para comprar esses títulos não vai parar um centavo na mão das empresas, esse dinheiro vai parar na mão dos bancos que detêm esse título”, explica Moreira, lembrando que trabalhou a vida inteira no mercado financeiro.
“Nos últimos anos os bancos acumularam lucros enormes. E agora, se os bancos em suas posições especulativas erraram na aposta, então deveriam realizar esse prejuízo”. Segundo ele, elevar o preço dos papéis podres em um momento em que não há nenhuma referência de preços para amenizar o prejuízo do sistema financeiro “é dar lucro de graça para os bancos”.
“Não mudou nada para as empresas. Não caiu um centavo na mão das empresas, o dinheiro foi todo para os bancos. Por que as pessoas estariam mais dispostas a comprar dívida das empresas no mercado primário se as empresas continuam passando pelas mesmas dificuldades ?”
“Isso é história de banqueiro para fazer com que você ache que seu dinheiro está em risco. O dinheiro que está em risco é o deles. Eles querem que a população, pagando impostos, garanta que eles não tenham prejuízo”.
O economista defende que as medidas de socorro às empresas sejam de caráter direto, como linhas de crédito que pratique juros abaixo da Selic (taxa básica) com garantias de que os empregados não sejam demitidos, além de compensação extraordinária através de tributos sobre os lucros no período pós-crise.