Juros altos e queda na renda são as causas
Dados do Banco Central (BC) mostram que o comprometimento da renda das famílias brasileiras com os serviços de suas dívidas (juros, amortizações e taxas) nunca esteve tão alto.
Segundo relatório de outubro divulgado na sexta-feira, 29,4% da renda das famílias é comprometida com o pagamento de serviços de dívidas, um recorde da série histórica acompanhada pelo BC mensalmente. Se desconsiderado o financiamento imobiliário, o patamar permanece alto, em 27,2%.
De acordo com definição do Banco Central, comprometimento de renda é a relação entre o valor correspondente aos pagamentos esperados para o serviço da dívida com o Sistema Financeiro Nacional e a renda mensal das famílias.
O aumento desses compromissos é mais um resultado das taxas de juros elevadas e das dificuldades impostas pelo sistema financeiro para acesso ao crédito. Acompanhando a política monetária restritiva do BC – a taxa básica de juros (Selic) é mantida em dois dígitos desde dezembro de 2021 – a taxa média de juros dos bancos chegou a 31,9% em novembro.
O economista Stephan Kautz, ouvido em reportagem do Valor Econômico, afirma que os dados são resultado do aumento da taxa de juros associado à queda do rendimento real da população.
“Apesar de estar crescendo acima da inflação, o rendimento real vem desacelerando na margem, e isso tem aumentado o comprometimento. É uma perspectiva bastante ruim”, disse o economista.
Assim como o comprometimento de renda, o relatório do Banco Central também apurou aumento no endividamento geral das famílias, que atingiu 49,3% em outubro – maior valor desde novembro de 2022.











