O jornal chinês denuncia que a admissão de que os Acordos de Minsk foram usados apenas para ganhar tempo e armar a Ucrânia – preparada para ser jogada abertamente contra a Rússia, – desmascara a narrativa midiática de que o conflito teria sido de responsabilidade de Moscou
O jornal chinês Global Times afirmou em artigo, divulgado nesta segunda-feira (12), que as declarações da ex-chanceler alemã, Angela Merkel, ao jornal Die Zeit, derruba o que resta da máscara “amigável” que alguns países ocidentais colocaram para garantir os acordos de Minsk com a Rússia. “A verdadeira intenção por trás dos acordos de Minsk destrói ainda mais a credibilidade do Ocidente”, afirmou o jornal.
Os chineses avaliam que as afirmações de Merkel evidenciam que tais manobras foram apenas uma forma de ganhar tempo para a Ucrânia, EUA e Europa na sanha contra Rússia.
“Desde pressionar pelos acordos de Minsk até incitar o conflito em andamento entre Moscou e Kiev, o Ocidente está tentando esgotar e conter um país que eles consideram um rival por meio de esforços de prolongamento, sejam eles explícitos ou implícitos”, denunciam os chineses.
O Global Times aponta que Merkel confessou algo que os círculos políticos hegemonistas norte-americanos seguidos pelos seguidistas europeus não querem admitir sobre os Acordos de Minsk. “Eles foram apenas um tapa-buraco para ganhar tempo para a Ucrânia e o Ocidente. Os países ocidentais nunca se esforçaram realmente para resolver as diferenças com a Rússia em relação a crise da Ucrânia”, afirma o artigo.
Sem ao menos considerar genuinamente a possibilidade de diálogo, a entrevista de Angela Merkel surpreendeu até mesmo a Vladimir Putin que afirmou na última sexta-feira (09) os comentários da ex-líder alemã foram “completamente inesperados e decepcionantes”. “Acontece que ninguém iria implementar os acordos”, enfatizou Putin.
Os acordos de Minsk foram assinados entre 2014 e 2015 por representantes da Ucrânia, Rússia, França, Alemanha e das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, rompidos por Kiev e fracassando em garantir uma solução pacífica para o conflito em Donbass.
“A Rússia sempre se considerou um país europeu, esperando construir a confiança do Ocidente. Assim, é compreensível quando Putin expressou desapontamento e um sentimento de traição com as palavras de Merkel”, afirmam os chineses.
Diante da confissão de que os acordos de Minsk não pretendiam administrar a crise na Ucrânia e evitar a escalada do conflito, o Global Times avaliou que, aos olhos de alguns países ocidentais, a Rússia é apenas um ‘alienígena’ diplomático e político. “Sob a influência de Washington, alguns veem Moscou como uma suposta ameaça devido ao seu enorme poder militar e sistema político” que não atende ao “padrão ocidental”, ressalta o artigo.
“Como resultado, esses países nunca pararam de reprimir a Rússia desde o colapso da União Soviética”, acrescenta.
Agora, a confiança da Rússia no Ocidente já caiu para um novo mínimo e a hipocrisia do Ocidente esgotou a vontade de Moscou de se engajar em um diálogo efetivo com o Ocidente.“A confissão de Merkel sobre os acordos de Minsk também mostrou que alguns países ocidentais, particularmente os EUA, não honram as obrigações contratuais. Eles podem voltar atrás em suas palavras tão facilmente”, afirma o Global Times.
“O acordo que os EUA desejam nunca é sobre credibilidade; é tudo sobre interesses. Um acordo é considerado útil pelos EUA quando pode promover os interesses do país; caso contrário, Washington está sempre pronto para negá-lo. Isso é exemplificado pela retirada dos Estados Unidos do Tratado de Mísseis Antibalísticos e do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário. Washington também adota um padrão duplo para promover os interesses de seus aliados ao cumprir o acordo”, lembra o artigo.
Fazendo uma alusão à falta de pagamento no mercado consumidor, os chineses afirmam que os EUA e vários outros países ocidentais tornaram-se “inadimplentes” na comunidade internacional. “Eles se atrevem a quebrar suas promessas porque são protegidos pela hegemonia ocidental com os EUA em seu núcleo. Washington já sequestrou muitos outros países ocidentais para aderir a tal hegemonia, criando e mantendo uma ordem internacional distorcida”.
“Prevê-se que alguns países ocidentais liderados pelos EUA continuarão usando os chamados valores como desculpa para defender sua hegemonia coletiva e intimidar outros sob o domínio e a ordem internacional a seu favor. Enquanto tal dominação existir, o mundo ainda será vítima de políticas de poder, em vez de um lugar cheio de justiça e equidade”, conclui o artigo.