
Após cinco anos sem congressos presenciais, devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), teve início na noite da última quinta (12), o 44º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (44° ConUBES) em Brasília.
A cerimônia de abertura foi marcada por um ato político. Com o tema “Na Sala de Aula se Muda o Brasil – Educação no Centro para Salvar Nosso Futuro”, a mesa foi mediada pela presidente da UBES, Rozana Barroso.
Além de representantes de outras entidades estudantis nacionais, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação Nacional de Pós Graduandos (ANPG), a atividade inaugural contou com a presença da vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos; do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e dos deputados federais Alessandro Molon (PSB-RJ), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Milhares de estudantes secundaristas de todo o país acompanharam na Arena Nilson Nelson a abertura do evento. Nesta primeira discussão predominou o clima de união para derrotar Bolsonaro nas urnas em outubro, diante do cenário de volta da fome, com inflação alta, desemprego e as cerca de 670 mil mortes pela Covid-19 no país.
Rozana Barroso afirmou que é um momento necessário para a mudança da educação no país. “O que estamos fazendo hoje em Brasília é mudar vidas. Educação muda vidas”, afirmou Rozana.

“A UBES durante a pandemia fez mais pela educação do que os ministros do MEC, com a proposta do Fundeb permanente, do PL da Conectividade, com a defesa da ‘vida, pão, vacina, educação’. Ousamos sonhar com um Brasil onde tenha lugar para os nossos. Onde os jovens trabalhadores não tenham como única perspectiva carregar uma mochila nas costas para entregar comida”, acrescentou a presidente da UBES.
A atividade ainda contou com convidados importantes na defesa da educação que relembraram os desafios dos últimos anos e saudaram a potência da juventude para transformar a realidade.
“Com a mobilização de diferentes setores, temos hoje mais de 2 milhões de jovens entre 16 e 18 anos que estão com título na mão”, saudou o senador Randolfe Rodrigues, que atualmente lutou no Senado Federal para frear os ataques de Bolsonaro ao processo democrático deste ano.
O senador lembrou que a UBES conquistou com sangue e suor o direito à liberdade e ao voto nos anos 1970, esteve presente em momentos decisivos da história do país e estará mais uma vez: “Estamos num momento crucial para a luta do Brasil e a juventude é a saída”.
“É nesse momento que nós vamos garantir nas urnas, na raça e na luta uma vitória retumbante para Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência do Brasil”, afirmou a presidente do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, ao levar a saudação do partido aos estudantes.
“Nessas horas não tem tergiversação. Temos que unir forças para derrotar Bolsonaro genocida. Vamos tirá-lo da presidência da República e, para isso, é frente ampla para derrotar Bolsonaro. É esse caminho que irá garantir que viremos essa página da história”, defendeu.
Luciana frisou ainda o papel fundamental desempenhado pela juventude para garantir a qualidade da educação, lutando contra os cortes orçamentários, para a aprovação do novo Fundeb, e para assegurar que tenham direito à educação 50 milhões de jovens que estão na evasão escolar e aqueles que não trabalham nem estudam.
“É por isso que nessas horas a juventude, aquela mesma que já garantiu tantos avanços na história brasileira, vai denunciar o balcão de negócios que virou o Ministério da Educação, que troca creche por barra de ouro”, disse a presidente do PCdoB.
Da mesma forma, saudada pelos estudantes entoando “A UNE somos nós, nossa força e nossa voz”, Bruna Brelaz, presidente da UNE relatou que iniciou no movimento estudantil ainda secundarista porque achava que a passagem do ônibus estava muito cara e que a mãe não merecia passar pelo preço abusivo depois de ter enfrentado uma longa fila para que ela pudesse conseguir uma vaga na escola. Ao entrar na universidade e ao ver que muitos amigos e amigas da periferia não tinham acesso ao ensino superior, eram mortos pela polícia e não conseguiam emprego, decidiu tentar unir as pessoas na causa pela educação.
“De um lado, eles roubam nossos sonhos, de outro há dois milhões de estudantes que tiraram o título de eleitor”, recordou. “Esse país é país de esperança de meninos e meninas que sonham, que querem ter uma vida melhor”, disse, acrescentando que está na educação a saída para que a esperança seja retomada.
“Aquela menina secundarista hoje chega aqui com muita, muita alegria e o coração fervilhando, dizendo que as cores do Brasil são nossas, o verde e o amarelo. Vamos jogar Bolsonaro na lata do lixo da história”, concluiu.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que rememorou os tempos em que foi presidente da UBES, afirmou que a juventude tem papel fundamental no processo e que precisa participar ativamente da política e desse processo eleitoral.
“Estamos vivenciando um dos piores movimentos da situação da politica. Não imaginávamos que pudéssemos chegar a este ponto. Bolsonaro odeia as mulheres, os negros, os pobres, ele não pode continuar, é uma tragédia para o brasil. O povo está sofrendo, está passando fome, está tendo carestia na comida”, lamentou.
“Estamos em um momento importante, histórico. Podemos ter divergência programática, mas uma coisa temos de concordar: essa eleição é para livrar o brasil da barbárie”, afirmou Gleisi, mencionando a importância de tirar Bolsonaro no primeiro turno.
“As forças democráticas progressistas têm que estar lado a lado. Não podemos dar sorte ao azar. Só tem um caminho. É Luiz Inácio Lula da Silva quem tem condições de derrotar Bolsonaro”, concluiu.
Da mesma forma, quase todos os convidados da noite usaram suas falas para repudiar as recentes e crescentes ameaças de Bolsonaro ao processo eleitoral, sempre relembrando que a UBES fez parte da conquista da democracia brasileira após o período de Ditadura Militar (1964-1985).
Leonardo Péricles, da Unidade Popular (UP), retomou a história da Ditadura Militar no Brasil e lembrou que a impunidade no passado leva a impunidade no presente, associando a falta de punição de torturadores dos anos 1970 ao massacre da juventude negra nas periferias.
Referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro, terminou: “O lugar de quem faz apologia à Golpe Militar não é na presidência da República e sim na lata do lixo da história.
“Muitos jovens da UNE e da UBES deram suas vidas para que a gente possa estar aqui hoje.” Leonardo Péricles, presidente da UP.
A deputada federal Sâmia Bomfim também acredita que a falta de justiça de transição ao fim da Ditadura Militar encoraja algozes daquele período a seguir defendendo golpes e o fascismo. Ela defendeu ainda a punição ao presidente Bolsonaro por saudar torturadores no Congresso Nacional e por usar a cadeira da presidência para a todo momento ameaçar as liberdades democráticas e tirar direitos da juventude.
“Precisamos seguir com a luta dos jovens que respondem com livros às armas que querem nos impor”, disse Sâmia Bomfim.