Contrariando a OMS e os médicos de todo o mundo, Bolsonaro disse para seus apoiadores que a “eficácia dessa máscara é quase nenhuma”
Os deputados federais e senadores derrubaram o veto de Jair Bolsonaro que desobrigava o uso de máscaras escolas, comércios, igrejas e indústrias e impedia a aplicação de multas. A decisão foi tomada na quarta-feira (19), durante sessão virtual conjunta.
Ainda na quarta-feira, Jair Bolsonaro disse a apoiadores que a “eficácia dessa máscara é quase nenhuma” e tentou fazê-los tirá-las para as fotografias.
Os cientistas e pesquisadores afirmam o contrário. O uso de máscara impede que sejam espalhadas gotículas de saliva, diminuindo a contaminação das pessoas ao seu redor.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de máscaras pode ser “uma barreira para gotículas potencialmente infecciosas” de Covid-19.
A médica epidemiologista Maria Van Kerkhove, especialista técnica da OMS, disse à Reuters, em junho, que “estamos aconselhando os governos a encorajar o público em geral a usar uma máscara”.
Segundo ela, a recomendação é que as pessoas usem uma “máscara de tecido – ou seja, uma máscara não médica” em áreas onde há risco de transmissão do vírus.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que “máscaras por si só não vão te proteger da covid-19”, mas que são outros meios importantes para prevenir o contágio.
Desde junho, o uso de máscaras segue recomendado por autoridades sanitárias em todo o mundo. Se utilizada de forma correta, a máscara evita que pessoas doentes projetem o vírus em secreções, e que pessoas saudáveis absorvam o vírus projetado no ar pela boca ou pelo nariz.
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pelos médicos Monica Gandhi e Eric Goosby, da Universidade da Califórnia, e pelo pesquisador Chris Beyrer, da Universidade Johns Hopkins, apontou que as máscaras também reduzem a carga viral à qual estamos expostos.
Por não aceitar as evidências científicas, Bolsonaro vetou os trechos do PL 1.562/2020 que tornavam obrigatório o uso de máscara e permitiam a aplicação de multas. O valor arrecadado pelas multas deverá ser usado em ações e serviços de saúde.
A argumentação dos bolsonaristas é de que o trecho do PL 1.562/2020 que diz “demais locais fechados em que haja reunião de pessoas” acabaria causando uma violação de domicílio, o que seria inconstitucional.
Entre os deputados, 454 votaram pela derrubada do veto e apenas 14 quiseram mantê-lo. Um deputado federal se absteve.
Os congressistas também derrubaram o veto de Jair Bolsonaro que desobrigava a distribuição de equipamentos de higiene, limpeza e desinfecção entre comunidades indígenas.