
O último dia do 19º Congresso do Sindicato dos Educadores da Infância do Município de São Paulo (Sedin) foi marcado por protestos contra a privatização da Sabesp, a agenda privatista do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a política de arrocho salarial contra os servidores do prefeito Ricardo Nunes (MDB), além da aprovação da pauta de reivindicações dos servidores da educação
Ao discursar no evento, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, relatou que um apagão na sede da Central impediu que ele antecipasse a sua chegada ao congresso, que teve seu encerramento – presencial – no Teatro Gazeta, na Avenida Paulista, nesta sexta-feira (24), em São Paulo. E fez duras críticas às privatizações. “Privatização mata”.
“Mas eles (governos) não se dão por vencidos porque eles querem também entregar a água, esse patrimônio material. Se a gente já está sofrendo as consequências de uma privatização que fez estrago e – todo mundo se lembra – até porque o tempo da tragédia é curto, Mariana e Brumadinho, dois retratos de que, incontestemente, a privatização mata”.
Adilson também lembrou a “tragédia” que representaram os quatro anos do governo Bolsonaro e as possibilidades que se configuram hoje com a eleição do presidente Lula. “Eu penso que a recomposição da agenda política, a reintegração do Brasil com o diálogo internacional, o reposicionamento do presidente Lula frente à interrupção dos processos de privatização, nos ajudam, nos animam”.
O dirigente criticou também os interesses do atual Congresso Nacional, “o mais venal da nossa história”, que está mais “interessado em ocupar espaços de poder” do que em atuar em defesa dos interesses da população. Defendeu a recuperação da auto-estima para unir e fortalecer as lutas, com inspiração no pensador Paulo Freire. “E eu penso que é salutar no exercício dessa luta que nos fortalece, unir cada vez mais a nossa gente, nutrir o nosso povo de esperança, porque era assim que bem dizia Paulo Freire: ‘a esperança é revolucionária’”, disse. “E o Brasil pode mais”, prosseguiu.
PAUTAS QUE UNIFICAM
Cláudio Fonseca, presidente do Simpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo) saudou os sindicatos que integram a Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc), composta pela entidade que preside, além do Sedin e do Sinesp (Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo). Ele destacou o caráter democrático do Coeduc e a pluralidade de opiniões que marcam o coletivo. “Diferença daqueles que se sensibilizam”.
“Não estabelecemos entre nós nenhuma hierarquia: quem é o coordenador… nós somos iguais nessa coordenação e vamos construir, como temos construído, pautas que sejam comuns. As diferenças, nós deixamos sublimadas. E é bom que tenham diferenças. É bom que tenha diferenças daqueles que se sensibilizam – e têm em comum, a sensibilidade para ver que a morte de bebês e crianças nos incomodam muito”.
“Porque é INACEITÁVEL ver o que ocorre, por exemplo, no território palestino. A criança que morre de um lado, é a criança que morre do outro, é a mesma dor, é o mesmo sofrimento. E eu sei que tudo isso incomoda a todos os educadores”, continuou o sindicalista.
“Então nós vamos construir igualdade, construir pautas que possam nos unificar, para gerar conforto, bem-estar, educação de qualidade para nossas crianças e obviamente, qualidade dos serviços e dos profissionais de educação.
Cláudio reforçou ainda a importância da participação no ato unificado do dia 28 próximo contra as privatizações e em defesa do serviço público, a primeira atividade conjunta da Coeduc.
Também presente ao Congresso, o vice-presidente do Sinesp, João Alberto, criticou a política de arrocho salarial imposta aos servidores da educação pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), “que é um absurdo” e defendeu a incorporação do abono complementar de 32% aos salários da categoria.

FIM DOS ATAQUES DE ISRAEL A GAZA
Os representantes da Educação de São Paulo também repudiaram o massacre de bebês e crianças palestinas por Israel na Faixa de Gaza.
Após os discursos e a explanação dos palestrantes/formadores sobre a educação antirracista, tema do 19º Congresso, foi aprovada a pauta de reivindicações das entidades do Coeduc, além de ato contra o extermínio de bebês palestinos por Israel, “A Caminhada do Silêncio”, que percorreu parte da Avenida Paulista até o Masp.
“A todos e todas que fizeram esse ato singelo, que foi filmado e vai para o Unicef, a “Caminhada do Silêncio” contra o assassinato, o extermínio de bebês e crianças na Palestina, o meu agradecimento”, disse Claudete Alves, presidente do Sedin.
“Nós educadores somos contra a violência e a morte de bebês e crianças e a violência contra qualquer ser humano. A gente saber que aqui no Brasil isso acontece também”, prosseguiu Claudete.
“São as balas que encontram os corpos, principalmente, de crianças pretas. Mas agora em especial, Gaza passa por uma limpeza étnica. E nós, enquanto trabalhadores da educação infantil, estamos mandando nosso recado: a gente não quer a suspensão dos bombardeios, dos ataques de Israel à Gaza só por alguns dias – queremos um cessar fogo já. Portanto, a gente encerra o nosso 19º Congresso com essa fala: Vida de bebês e crianças importam!”, finalizou a presidente do Sedin.