A condenação à provocação do ministro israelense, Ben Gvir, ao invadir o pátio da mesquita Al Aqsa, pelos membros do Conselho de Segurança da ONU foi generalizada.
Atendendo a uma solicitação da Autoridade Nacional Palestina e da Jordânia, com apoio da China e dos Emirados Árabes Unidos, o Conselho de Segurança se reuniu nesta quinta-feira (5) após a agressão de Gvir aos sentimentos religiosos dos muçulmanos em um dos templos mais sagrados do Islã.
O ministro da Segurança Nacional israelense entrou no pátio com uma escolta militar fortemente armada e mais um grupo de fanáticos de seu partido, o Otzma Yehudit (Poder Judaico), na terça-feira.
Desde a ocupação israelense da Jerusalém Árabe em 1967, um acordo entre os ocupantes e os religiosos que cuidam do sítio sagrado estabelece que somente muçulmanos podem rezar em Al Aqsa e que cristãos e judeus podem visitar enquanto turistas o seu pátio, mas em horas determinadas pelos que dele cuidam e sem praticarem rezas ou rituais religiosos.
O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, declarou que “ida do ministro da Segurança de Israel, Bem Gvir, escoltado por forças israelenses, à mesquita Al Aqsa levanta as mais graves preocupações. O ocorrido não pode ser percebido de forma diferente do que a incursão do general Sharon acompanhado de mais de 100 policiais no ano 2.000 e que desencadeou a ‘Segunda Intifada’, que trouxe muitas mortes de ambos os lados”.
“Lembramos mais uma vez que esta violação do status quo legal e histórico de Jerusalém, berço das três religiões monoteístas, é inaceitável.
A representante da Inglaterra, Barbara Woodward, destacou o “compromisso do Reino Unido de trabalhar com todas as partes para que se assegure o status quo de Jerusalém e que se evitem ações que possam inflamar tensões, minar a causa da paz ou que tentem unilateralmente alterar este status”.
Ela reiterou o apoio inglês “a uma solução dos Dois Estados, baseada nas linhas de 1967 e com Jerusalém como capital compartilhada, como único caminho para se chegar à paz entre as partes”.
Robert Wood, embaixador dos Estados Unidos na ONU, acrescentou que seu país “apoia firmemente a preservação do status histórico no que diz respeito aos sítios sagrados e se preocupa com qualquer ato unilateral que exacerbe as tensões ou mine a viabilidade da solução dos Dois Estados”.
Também condenaram a provocação, já antes da reunião do Conselho da ONU, o Brasil, a França, Turquia, Síria, Egito, Qatar, Arábia Saudita e o Secretariado da Organização Islâmica para a Cooperação, que reúne 57 países.
Apesar de todas as condenações, o Conselho de Segurança da ONU declinou de tomar qualquer resolução, no que foi questionado pelo representante palestino, Ryad Mansour: “Que linhas vermelhas precisará Israel ultrapassar até que se diga basta?”
Já o representante de Israel, Gilad Erdan, tentou minimizar a gravidade da provocação, dizendo que Gvir “só ficou lá por 13 minutos” e, passando um tremendo recibo do incômodo com a condenação mundial, disse que “esta reunião é ridícula, patética e absurda”. Se Erdan realmente achou tão irrelevante a reunião, por que usou tantos adjetivos para xingá-la?