A Rússia convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU em resposta à provocação ucraniana que atravessou as fronteiras marítimas russas na região da Crimeia, neste domingo, com três navios de guerra.
Três barcos das forças navais da Ucrânia, em violação dos Artigos 19 e 21 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito no Mar, atravessaram ilegalmente a fronteira estatal russa em direção ao estreito de Kerch, que separa a península da Crimeia da Rússia continental, provocando entre os dois países um incidente naval no mar de Azov, no domingo, dia 25.
A Rússia assinalou que abriu fogo após acusar os encouraçados Berdiansk e Nikipol e o rebocador Yana Kapu de violar suas águas territoriais. “Hoje, às 07:00 horas de Moscou, três navios da marinha ucraniana adentraram ilegalmente em águas da Federação Russa”, o que obrigou as forças de guarda-costas a perseguir os infratores, arremeter contra o rebocador causando-lhe danos na sala de motores e abrir fogo contra os encouraçados, que tentavam circunavegar a península de Crimeia, informou a direção de fronteiras do Serviço de Segurança Federal da Rússia (FSB). A navegação pela ponte de Kerch foi fechada com um cargueiro atravessado e navios de guerra, e reaberta nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (26).
Aumentando o atrito, o presidente da Ucrânia, Piotr Poroshenko, assinou um decreto aprovando a decisão do Conselho de Segurança Nacional de impor a lei marcial em seu país, que entrará em vigência a partir de 28 de novembro e ficará ativa durante 30 dias, informou a agência RIA Novosti.
Konstantín Kosachev, chefe do Comitê de Assuntos Internacionais da Câmara Alta do Parlamento russo (Senado), afirmou que “a introdução da lei marcial na Ucrânia […] não é uma consequência, mas uma causa”, já que “para isso se armou a provocação no mar de Azov” por parte de Kiev, reportou a agência russa de notícias, TASS.
Observou que é “um barulhento começo da campanha eleitoral do presidente Piotr Poroshenko, a necessidade de levar o tema ucraniano ao ‘top’ mundial e criar razões urgentes para a condenação ‘internacional’ de Rússia”.
Já o senador Vladimir Dzhabarov, primeiro vice-presidente da Comissão de Assuntos Externos do Conselho da Federação Russa, opinou que o passo seguinte de Piotr Poroshenko depois da declaração da lei marcial seria o cancelamento das eleições presidenciais na primavera de 2019. Na sua opinião, “a provocação está desenhada para manter Poroshenko no poder, porque não tem outra opção para permanecer lá”.
Os barcos ucranianos seguiram seu curso apesar de não ter permissão para atravessar o estreito, onde rege um regulamento de concessão de autorizações de transito e um horário estabelecido pelas autoridades portuárias russas, que Kiev considera discriminatório. A tensão na região tem aumentado desde a inauguração em maio da ponte de 19 quilômetros que une a Crimeia com a Rússia, após o que Moscou incrementou o número de inspeções dos barcos a sua passagem pelo estreito de Kerch.
“Seu objetivo é evidente: criar uma situação de conflito na região. Ao adotar decisões tão perigosas e irresponsáveis, os dirigentes ucranianos deveriam pensar nas consequências de seus atos”, afirmou o FSB, que posteriormente informou que outros dois navios ucranianos partiram do porto de Berdiansk, mas que já tinham regressado a seu lugar de procedência.
SUSANA LISCHINSKY