
A ministra Rosa Weber, presidente do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, manifestou “veemente repúdio” ao ataque do ex-deputado federal e aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro (PL), Roberto Jefferson (PTB-RJ), contra a ministra Cármen Lúcia.
Para Rosa Weber, as agressões do ex-parlamentar são “covardes” e “inadmissíveis em uma democracia, que tem como um de seus pilares a independência da magistratura”.
A ministra classificou o ataque como uma “agressão sórdida e vil” contra Cármen Lúcia, “expressão da mais repulsiva misoginia” em função de sua atuação jurisdicional.
Em vídeo divulgado na última sexta-feira (21), Jefferson chamou Cármen Lúcia de “Bruxa de Blair” e comparou a ministra a uma “prostituta” pelo voto a favor de punição à Jovem Pan, que foi obrigada a conceder direito de resposta ao ex-presidente Lula.
Segundo Rosa Weber, “não há como compactuar com discurso de ódio, abjeto e impregnado de discriminação, a atingir todas as mulheres e ultrapassar os limites civilizatórios”.
“A ministra Cármen Lúcia, magistrada de notável saber jurídico e reputação ilibada, ilumina o Supremo Tribunal Federal com sua inteligência, talento, isenção e competência. Sem dúvida, continuará, independente e serena, na defesa intransigente da Constituição, sempre com o respaldo e admiração de seus pares e da comunidade jurídica”, diz a ministra, em nota à sociedade brasileira.
“O Supremo Tribunal Federal manifesta, ainda, a esperança de que os princípios que regem a Constituição Cidadã façam aflorar na sociedade brasileira o espírito democrático e a tolerância que o momento eleitoral exige”, completou.
Pelas ofensas à ministra do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-deputado perdeu o direito a ficar em prisão domiciliar. Após atacar agentes federais com tiros e granadas, durante sua prisão, no domingo (23), o aliado de Bolsonaro voltou a disparar ofensas à ministra.
Foi durante audiência de custódia realizada na segunda (24), no Rio de Janeiro. Na ocasião, Jefferson disse que pediria desculpas às prostitutas por compará-las à ministra Cármen Lúcia.
Leia a nota na íntegra:
Nota à sociedade brasileira
A presidente do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber, manifestou seu repúdio à agressão de que foi vítima a ministra Cármen Lúcia em função de sua atuação jurisdicional, no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral. Confira a íntegra da nota, a seguir, que também foi disponibilizada nas redes sociais do Conselho Nacional de Justiça.
“O Supremo Tribunal Federal manifesta seu veemente repúdio à agressão sórdida e vil, expressão da mais repulsiva misoginia, de que foi vítima a ministra Cármen Lúcia em função de sua atuação jurisdicional, no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral.
Condutas covardes dessa natureza são inadmissíveis em uma democracia, que tem como um de seus pilares a independência da magistratura. Não há como compactuar com discurso de ódio, abjeto e impregnado de discriminação, a atingir todas as mulheres e ultrapassar os limites civilizatórios.
A ministra Cármen Lúcia, magistrada de notável saber jurídico e reputação ilibada, ilumina o Supremo Tribunal Federal com sua inteligência, talento, isenção e competência. Sem dúvida, continuará, independente e serena, na defesa intransigente da Constituição, sempre com o respaldo e admiração de seus pares e da comunidade jurídica.
O Supremo Tribunal Federal manifesta, ainda, a esperança de que os princípios que regem a Constituição Cidadã façam aflorar na sociedade brasileira o espírito democrático e a tolerância que o momento eleitoral exige.”
Ministra Rosa Weber
Presidente do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal