Em 2023, os juros altos travaram os investimentos em construção, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No ano, o PIB da Construção registrou uma queda de 0,5%, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última sexta-feira (1º).
Os investimentos em construção saíram dos 5,9% em 2022 para uma queda de -0,5% em 2023, conforme a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede os investimentos dentro do PIB.
No ano, a FBCF fechou com uma queda de 3% em relação a 2022. O setor de construção corresponde por 45% do total dos investimentos analisados pelo indicador FBCF no ano passado. Os investimentos em máquinas e equipamentos, que recuaram -9,4%, correspondem a 37,8% e outros investimentos, 16,8%.
Durante a maioria dos meses do ano passado, o Banco Central (BC) manteve a taxa básica de juros Selic em 13,75% ao ano, patamar fixado em agosto de 2022. Somente em agosto de 2023 o BC iniciou o ciclo de cortes na Selic, mas de forma “pingada”, reduzindo – em cada reunião – em 0,5% pontos percentuais a taxa, que encerrou o ano em 11,75%, nível ainda muito elevado.
“A construção pagou a conta das taxas de juros em alto patamar”, criticou a economista da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil), Ieda Vasconcelos. Segundo Ieda, a pesquisa Sondagem da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da CBIC, mostrou que os juros altos ocuparam o topo do ranking dos principais problemas do setor em 2023.
A economia brasileira terminou o ano de 2023 com crescimento de 2,9%, de acordo com o IBGE. Esse crescimento foi puxado, principalmente, pelas altas de 15,1% na agropecuária, de 8,7% da indústria extrativa e pelas exportações, que cresceram 9,1% frente a 2022.
Mas a indústria sofreu. Ver PIB da indústria de transformação encolheu -1,3% em 2023, PIB: Investimentos em máquinas, equipamentos e material de construção recuaram 3% em 2023 e PIB mostra crescimento mediano, de má qualidade e não sustentável, diz Oreiro