O Consulado-Geral da República Popular da China no Recife, apresentou uma “Análise do Relatório do Partido Comunista da China ao 20º Congresso Nacional do PCCh” à direção do Partido Comunista do Brasil no Estado de Pernambuco (PCdoB-PE)
No encontro realizado na sede da representação chinesa, no dia 7, a cônsul-geral Yan Yuqing apresentou os resultados dos debates do 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China (PCCh), e os pontos centrais do relatório apresentado pelo secretário-geral do partido e líder da nação chinesa, Xi Jinping.
Em seu informe, a cônsul ressaltou que a missão atribuída ao PCCh, no 20º Congresso, é de “liderar o povo, composto de todos seus grupos étnicos, à construção integral de um grande país socialista moderno”.
A cônsul Yan Yuqing ressaltou que esta tarefa é factível com base nos êxitos obtidos na última década, entre eles o crescimento, com a China passando de um PIB de 54 trilhões de yuans para 114 trilhões. Ressaltou que, do ponto de vista do PIB Per Capita, o crescimento permitiu a passagem de 39,8 mil yuans/ano para 81 mil.
Em termos da produção econômica mundial, o desenvolvimento permitiu à China passar de 7,2% para 18,5%, expôs a cônsul-geral.
Na sua apresentação, Yan Yuquing destacou que esse processo se deu em meio ao “fortalecimento da democracia popular” e da aplicação do “marxismo adaptado às características chinesas” fornecendo ao marxismo desenvolvido pelo povo chinês “vitalidade e dinamismo”, de forma a “através de sua aplicação”, garantir a continuidade “de um crescimento de alta qualidade”.
Após a apresentação. Estabeleceu-se uma troca de opiniões sobre as eleições no Brasil, a construção exitosa do socialismo na China, e o fomento de valores comuns da humanidade como paz, desenvolvimento, equidade, justiça, democracia e liberdade.
Representando o PCdoB, estiveram presentes Marcelino Granja, Alanir Cardoso, Luciano Siqueira, Cida Pedrosa, Edna Costa e Guido Bianchi.
A ex-vereadora do Recife, Edna Costa, observou que “o informe apresentado pela cônsul-geral, Yan Yuqing, mostra o compromisso do PCCh em garantir o avanço do socialismo dentro das características chinesas”.
“As informações que nos foram dadas acerca das discussões no interior do partido e no seu 20º Congresso Nacional”, prosseguiu Edna, “trouxe aspectos que me chamaram muita atenção, em especial, o compromisso em atender as necessidades da população, melhorar as condições de vida, avançar no desenvolvimento científico e tecnológico, rumo à China moderna, assim como levar à frente o combate vigilante a males como a corrupção ou deficiência no compromisso profundo com o povo, mostrando-se PC da China um partido vivo e dinâmico”.
Convidados da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e assessores do consulado também participaram.
A respeito desse encontro no Consulado da China, o jornal Hora do Povo entrevistou o ex-vice-prefeito do Recife, integrante do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, Luciano Siqueira, cuja declaração segue:
Falo, colocando em destaque o meu relacionamento com o Consulado da China aqui em Recife. Como você sabe, eu fui durante 16 anos vice-prefeito do Recife. Oito anos de 2000 a 2008; houve um interregno de quatro anos, quando exerci o mandato de deputado e voltei e fiquei mais oito anos.
Nesse período, as relações com os chineses se fizeram através do Consulado, assim como de delegações de cidades chinesas, sobretudo Guangzhou, capital da província de Guandong (a Cantão do tempo dos ingleses) e que é cidade irmã do Recife desde 2007, ocorreram por meu intermédio na condição de vice-prefeito. Então é a partir dessa experiência que entendo esse encontro que tivemos agora. Foi um encontro bem ao estilo chinês, marcado por um chá e muita cordialidade e cultivo de amizade e que, embora, tenham estado presentes cinco membros do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), e a cônsul e seus vice-cônsules têm consciência disso, foi um encontro descontraído e muito nesse terreno de estreitamento de amizade.
Naturalmente, a razão para o encontro era trazer notícias e conversar sobre o ocorrido no 20º Congresso do Partido Comunista da China (PCCh).
Nesse encontro a cônsul apresentou elementos principais debatidos neste Congresso, sobretudo enfatizando muito o fato desse encontro apontar para breve a conclusão do processo de modernização da sociedade chinesa sob comando do partido e do Estado de natureza socialista, dentro da previsão apresentada pelo presidente Xi Jinping que é de consolidar a sociedade chinesa com o regime socialista que a permita se apresentar moderna e avançada em todos os terrenos.
Então tivemos esse informe sucinto formulado pela cônsul, a Sra. Yan Yuqing, e em seguida todos nós tomamos a palavra para em um debate sobre o que foi formulado e debatido no 20º Congresso.
Do meu ponto de vista, ao ouvir um informe dessa natureza, partindo de um partido irmão, nos ocorrem muitas questões interessantes.
Entre outras reflexões que me vieram, os 50 anos de militância no PCdoB e mais cinco na Ação Popular e, nestes anos todos, e eu mencionei isso para a cônsul, que eu e o companheiro Alanir Cardoso, que também estava presente no nosso encontro, temos então 55 anos acompanhando de uma forma ou de outra a evolução dos acontecimentos na China.
E o que mais eu destaco, é um detalhe da maior importância e que, creio, tem um valor estratégico para os comunistas em todo o mundo; é que o Partido Comunista da China se considera, a meu ver corretamente, emancipado dos pontos de vista teórico, ideológico e cultural.
Isso quer dizer que é um partido marxista-leninista e, portanto, que se orienta pelo marxismo, porém considera a aplicação viva de sua teoria às condições peculiares da sociedade chinesa. Isso inclui, como menciona Xi Jinping em seu informe, a rica e bela, na expressão do presidente, tradição cultural chinesa.
Como também se pode ver no informe, na parte de que se refere à questão internacional, há a afirmação muito decidida do PCCh, que é de, nas relações com os demais partidos comunistas do mundo, o Estado chinês em suas relações mundo afora, não tem nenhuma pretensão de impor o seu modelo de sociedade.
Ao contrário respeita cada um no interior de cada povo, respeita o processo de evolução de cada nação, obviamente desejando que todas evoluam no rumo do socialismo, mas preserva a independência, a autonomia de cada nação, de cada Estado.
Neste contexto, me parece que esse elemento de emancipação teórica, ideológica e cultural do partido deve ter um grande destaque.
Esta foi uma questão que eu tive a oportunidade de debater com um dos membros do Comitê Central do PCCh por duas das três vezes que eu estive na China, esse elemento da emancipação presente na concepção chinesa da aplicação do marxismo. Isso vale de exemplo para todos nós.
O nosso partido tem amadurecido muito, sobretudo desde o 8º Congresso do PCdoB em diante, em especial com todo o reforço que tivemos dessa corrente revolucionária consequente reunida em torno do Partido Pátria Livre, o PPL, com seu núcleo marxista maduro, nós caminhamos nessa direção, de pensar o mundo, pensar o Brasil de um ponto de vista próprio e, é claro, tendo como referência a base teórica comum. Tais são as observações que faço.
O relatório ao 20º Congresso Nacional do Partido Comunista da China, intitulado “Manter Erguida a Grande Bandeira do Socialismo com Características Chinesas e Lutar com União pela Construção Integral de Um País Socialista Moderno”, aprovado no Congresso do PCCh, em 22 de outubro, está disponível no portal Diário do Povo (jornal oficial do PCCh) e na matéria publicada pelo jornal Hora do Povo: