O consumo das famílias recuou -0,2% no quarto trimestre de 2023, em comparação ao trimestre imediatamente anterior (julho, agosto e setembro). Os dados são das Contas Nacionais, que foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta última sexta-feira (1º).
Nos doze meses do ano passado, o consumo das famílias, um componente importante da demanda interna, acumulou alta de 3,1%, um resultado menor do que foi registrado para o mesmo período do ano anterior (alta de 4,1%).
Em 2023, contribuíram para o resultado no consumo das famílias o aumento da massa salarial real, a queda da inflação e programas governamentais de transferência de renda do Governo. Por outro lado, prejudicaram o consumo das famílias os juros do Banco Central (BC), que seguiram acima dos dois dígitos no ano passado, elevando os custos do serviço das dívidas das famílias e empresas, além de travar os investimentos, consumo e um avanço maior na geração de empregos no país.
“Apesar da queda, os juros no país ainda são muito altos”, afirmou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, ao divulgar na semana passada (26), que o número de inadimplentes no país cresceu e atingiu 66,96 milhões em janeiro de 2024. O resultado corresponde a uma variação 3,78% de aumento das pessoas com contas em atraso na comparação com janeiro de 2023.
Por outra via, as despesas do governo cresceram 0,9% no último trimestre de 2023. Já no acumulado do ano, o consumo do governo saiu de 2,1% em 2022 para 1,7% em 2023.
Do lado da demanda, ainda, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede a ampliação da capacidade produtiva por meio de investimentos em máquinas e equipamentos, construção etc, registrou um crescimento de 0,9% no quarto trimestre de 2023 ante ao trimestre anterior. No entanto, o resultado foi insuficiente para cobrir as perdas que os investimentos acumularam durante os demais meses do ano passado.
No ano de 2023, a FBCF recuou em -3%, influenciada pela queda dos investimentos em máquinas e equipamentos (-9,4%) e nos da construção civil (-0,2%).
De acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil desacelerou e ficou estagnado a partir do segundo semestre do ano passado, ao apresentar crescimentos nulos (0%) no terceiro e no quarto trimestre. No primeiro e no segundo trimestre o PIB havia crescido 1,3% e 0,8%, respectivamente.
Já no ano, o PIB acumulou uma alta de 2,9%, ficando 0,1 ponto percentual abaixo do registrado em 2022.