Em 2018, cada brasileiro comeu, em média, 34 quilos de carne. Em 2021, caiu para 27 quilos e este ano a Conab projeta uma queda de 10,6% em relação ao ano passado. De 2018 até julho deste ano, o preço da carne subiu 78%
O aumento da inflação e da pobreza fizeram o consumo de carne vermelha no Brasil cair ao menor nível de quase três décadas. Previsões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimam que, este ano, o consumo de cortes bovinos deve ser 10,6% menor do que o ano passado.
Desde 2018, os brasileiros têm sistematicamente reduzido o espaço da carne nos pratos: em 2018, cada pessoa consumia, em média, 34 quilos de carne por ano. Em 2019, o consumo médio foi de pouco mais de 30 quilos. Em 2020, foram 27 quilos. E no ano passado, a mesma quantidade. Para este ano, a projeção é que o consumo seja de 24 quilos.
“Vai no açougue, você traz a carne, um punhadinho na mão, de R$ 39 reais; carne de segunda, porque a outra você não dá conta. Está um preço absurdo, abusivo”, afirma a aposentada Maria Conceição Cordeiro Rocha, de 77 anos, entrevistada para o Jornal Nacional.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), de 2018 até julho deste ano, a inflação média do país foi de 28%. Já a inflação da carne bovina, chegou a 78%.
“Tudo que sobe acima da inflação média, o consumidor corta, diminui a sua demanda. E por isso, o volume de carne consumida pelas famílias vem caindo ao longo dos últimos anos”, explica o economista André Braz, da FGV.
O problema não está só na carne vermelha. A carne de ave e porco, que passaram a substituir os cortes bovinos, também acumulam aumentos muito acima da inflação desde 2018, dificultando ainda mais a vida das famílias. O frango teve aumento de 71% no período, enquanto a carne suína ficou 48% mais cara de acordo com o levantamento da FGV.
Além do encarecimento dos custos de produção, especialistas dizem que a recuperação das economias mundiais pós-Covid – enquanto aqui no Brasil, o consumo das famílias continua em queda por conta das rendas baixas e corroídas pela inflação, juros altos e desemprego – faz com que a maior parte do que é produzido aqui vá para fora.
“Por enquanto, a gente não vê um cenário de queda de preço não. Justamente porque a gente ainda tem um cenário internacional aquecido, e a gente ainda está em recuperação da oferta. Provavelmente vai estabilizar num preço mais alto”, explica Ana Cecília Kreter, pesquisadora do Ipea.
Com os preços dos alimentos disparando, sem uma política de segurança alimentar para a população brasileira, com a pandemia e a economia estagnada, Bolsonaro fez explodir a miséria no país, com 33 milhões passando fome. No desgoverno do “mito” são inúmeros os registros, através de imagens e depoimentos, de brasileiros, muitas mulheres e idosos, em filas de açougues para receber “ossinhos com restos de pele”, revirando caçambas de supermercados ou em caminhões de “ossos”, como no Rio de Janeiro, destinados à ração de animais, produção de sabão e graxa, segundo reportagem do jornal Extra em setembro do ano passado.