
Queda no faturamento foi de 5,4% em relação a maio. No acumulado do ano até junho, o resultado é positivo com alta de 18,4%
A receita líquida de vendas do setor de máquinas e equipamentos caiu 5,4% no mês junho na comparação com maio e cresceu 9,9% sobre o mesmo mês de 2024. No mercado doméstico, na passagem de maio para junho, a queda foi de 11,4%.
No acumulado de janeiro a junho, o faturamento cresceu 14,8%. No mercado interno, a alta é de 18,4% sobre 2024, indicando desaceleração, visto que em maio o crescimento acumulado foi de 20,8%. Os dados foram apresentados na quarta-feira (30), em coletiva à imprensa, pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Conforme a entidade, esse desempenho está dentro do esperado, tanto para o semestre quanto para o mês de junho. Para o segundo semestre, a previsão é de manutenção da desaceleração.
Em primeiro lugar, pela manutenção da política contracionista do Banco Central (BC). Na mesma quarta-feira (30), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a exorbitante taxa de juros básica da economia (Selic) em 15% ao ano, aumentando o aperto ao crédito e aos investimentos, com a elevação do juro real (descontada a inflação, em queda) para cerca de 10%.
Em segundo lugar, a desaceleração será possivelmente acentuada, segundo a Abimaq, dependendo dos produtos que continuarão impactados pela guerra tarifária imposta por Donald Trump, visto o decreto assinado por ele, no mesmo dia, impondo o tarifaço de 50% aos produtos brasileiros exportados para os EUA.
A ação firme do Brasil fez Trump excluir cerca de 700 produtos e adiar o início do tarifaço que seria na sexta-feira (1/8). O setor de máquinas e equipamentos não entrou na lista das 694 exceções no decreto de Trump.
Segundo a Abimaq, a entidade está conversando com as empresas do setor e diretamente com o governo federal, apoiando o esforço de encontrar soluções para as negociações, que acontecem desde 8 de julho, quando as tarifas de 50% foram anunciadas, assim como medidas para enfrentar o tarifaço, como a redução dos juros, a busca de novos mercados, entre outras medidas.
Segundo José Velloso, presidente-executivo da Abimaq, “os Estados Unidos exportam mais máquinas equipamentos para o Brasil do que nós para lá”.
EXPORTAÇÕES
As exportações de máquinas e equipamentos em junho de 2025 atingiram US$ 1.051,54, um crescimento de 6,3% em relação a maio, que exportou US$ 989 milhões, mas não o suficiente para anular a queda no mercado doméstico. Na comparação interanual o crescimento foi de 14,5%
De janeiro a junho, as exportações registraram queda de 4,3% ante o mesmo período de 2024. Parte importante da queda observada nas exportações de 2025 foi explicada pelo recuo de 3,3% nos preços de máquinas no mercado internacional.
No primeiro semestre de 2025, houve mudanças nos principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos. As vendas para a América do Norte caíram 13,5%, enquanto para a Europa e a América do Sul cresceram 9,4% e 14,7%, respectivamente.
Pelo lado das importações, estas atingiram US$ 2,6 bilhões em junho, crescimento de 13,1% frente a 2024. Apesar de recuo mensal de 2,5%. As importações somaram US$ 15,7 bilhões no primeiro semestre, o maior valor da história para o período, com avanço da participação da China, que já responde por 32,1% das máquinas importadas pelo Brasil.
O nível de utilização da capacidade instalada recuou para 77,7% e a carteira de pedidos da mesma encolheu pelo segundo mês consecutivo. Ainda assim, o emprego, em junho, teve um leve crescimento de 0,3%, totalizando 420 mil postos de trabalho, influenciado, principalmente, pelo aumento da mão de obra nas indústrias fabricantes de máquinas e implementos agrícolas.