Com a inflação, juros altos e desemprego elevado em uma economia em decadência, as contas básicas já representam 23,9% das dívidas dos brasileiros. É o que aponta o Mapa da Inadimplência da Serasa, que demonstra que o ano de 2021 fechou com 63,9 milhões de devedores – 2,6 milhões a mais que no ano anterior. As dívidas com os bancos e cartões de crédito representam 27,7% das dívidas dos brasileiros.
Essas famílias correm o risco de sofrer o corte nos serviços de água, luz e telefone.
No caso das distribuidoras de energia, o percentual médio de dívida não paga está entre 7% a 7,5%, quase o dobro do registrado antes da pandemia.
Em 2021, o preço da energia elétrica acumulou alta de 21,21%, fazendo com que a inflação oficial – medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE – disparasse e fechasse o ano em alta de 10,16%.
Além dos reajustes, pesou no bolso dos trabalhadores as bandeiras tarifárias.
Nós tivemos bandeira amarela nos quatro primeiros meses do 2021, depois bandeira vermelha patamar 1, vermelha patamar 2 – cuja cobrança passou de R$ 6,243 em junho para R$ 9,492 em julho -, até chegada da bandeira de Escassez Hídrica, criada pelo governo Bolsonaro, em vigor desde setembro até abril, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
A bandeira “Escassez Hídrica” repassa aos consumidores brasileiros os altos custos do acionamento das termoelétricas, e a importação de energia da Argentina e do Uruguai. Essa ação foi tomada pelo governo porque o governo Bolsonaro não tinha nenhum plano de contingência para o enfrentamento de crise hídricas no país.
Com as tarifas da energia entre outros itens básicos sufocando orçamento das famílias, 22% da população está trocando o pagamento destas contas por alimentos, como arroz e feijão, segundo um levantamento feito pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS).