Contas externas têm pior resultado em quatro anos

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

As contas externas do país registraram no ano passado o maior rombo dos últimos quatro anos. Segundo o Banco Central (BC), que divulgou os resultados para 2019 na segunda-feira (27), o déficit de US$ 50,762 bilhões nas transações correntes (comércio e serviços) representou uma alta de 22% sobre o ano anterior, quando somou US$ 41,540 bilhões.

REMESSA DE LUCROS SOMA MAIS DE US$ 30 BILHÕES

A remessa de lucros e dividendos de companhias instaladas no Brasil para suas matrizes lá fora foi de US$ 31,126 bilhões em 2019. Somente em dezembro, a saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos alcançou US$ 3,496 bilhões.

GASTOS COM JUROS

Os gastos com juros representaram grande parcela do déficit: US$ 25,058 bilhões em 2019 – o que supera tanto o resultado do ano anterior (US$ 22,534 bilhões), quanto a projeção do BC, que era de US$ 24,3 bilhões.

Apenas em dezembro, o escoamento de recursos para os bancos em forma de juros alcançaram US$ 3,218 bilhões. Para 2020, a estimativa é de que sejam gastos US$ 22,0 bilhões.

Embora tenha registrado saldo positivo de US$ 39,404 bilhões no ano passado, o resultado da balança comercial foi fraco e contribuiu para o déficit recorde, disse o BC.

A conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) ficou negativa em US$ 35,141 bilhões; a de renda primária (lucros e dividendos do Brasil para o exterior, pagamentos de juros e salários), em US$ 55,989 bilhões.

IDP ELEVA REMESSA DE LUCROS

Objetivamente, esse déficit nas transações correntes significa que mais dinheiro saiu do país do que entrou. O rombo nas transações correntes foi coberto pela conta de capital.

Entraram em 2019, em investimento direto no país, o IDP, antigo IDE – Investimento Direto Estrangeiro – que em sua maior parte são recursos para compra de ativos e empresas brasileiras, US$ 78,559 bilhões contra US$ 78,163 bilhões em 2018. Apesar de cobrir o rombo a curto prazo, o IDP eleva as remessas de lucros e dividendos no longo prazo já que as empresas brasileiras são desnacionalizadas e os lucros são enviados para o exterior.

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