Ele pretende instalar, na próxima semana, o Conselho de Ética, que vai ficar sob o comando do deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA). Isso é resultado do “efeito Flávio Dino”, quando bolsonaristas atacaram e vandalizaram na sessão da Comissão de Segurança Pública em que o ministro estava presente
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), promete colocar freio e limites no que considera “excessos” na conduta de deputados bolsonaristas em comissões e no plenário da Casa.
Isso é o que se pode chamar de “efeito Flávio Dino”. Convidado para audiência pública na Câmara, dia 28 de março, o ministro da Justiça e Segurança Pública saiu-se muito bem diante das hostilidades dos deputados bolsonaristas na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Na audiência, a bancada bolsonarista na CCJ quis emparedar o ministro, com mentiras, provocações, agressões e hostilidades. E o ministro além de não ter caído na armadilha orquestrada pelos extremistas de direita, ainda por cima deu show de habilidade política e inteligência.
Na última terça-feira (11), Dino compareceu à nova audiência pública na Câmara. Dessa vez, na Comissão de Segurança Pública, onde voltou a ser agredido por deputados bolsonaristas, que estavam com ódio pela brilhante participação que o ministro teve na CCJ, no fim do mês de março.
Novamente, o ministro brilhou e reverteu a intenção da bancada bolsonarista de hostilizá-lo no colegiado temático.
CONTENÇÃO DOS BOLSONARISTAS NA CÂMARA
Diante destes e outros fatos grotescos causados por deputados bolsonaristas, o presidente da Câmara pretende instalar, na próxima semana, o Conselho de Ética da Casa, que deve ficar sob comando do deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA), a fim de restituir ambiente de mais civilidade nos debates.
Esse ambiente, mais tóxico, é causado pelo baixíssimo nível político de novos e antigos deputados bolsonaristas pouco ou nada afeitos ao debate político qualificado.
Esses parlamentares estão mais preocupados em causar, atuar para responder às demandas intolerantes dos eleitores deles, para “lacrar” nas redes sociais, ou seja, estigmatizar ofensivamente os adversários.
O termo é uma gíria das redes sociais, no qual um dos significados é realizar algo com sucesso, fazer bem feito, arrasar. O outro significa fazer algo tão bem, a ponto de calar os críticos, deixá-los sem argumentos, mesmo ao custo de matar a verdade, usando fake news.
POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS
Dentre as sanções, podem ser adotadas a suspensão do mandato por até três meses, com corte no pagamento de salário aos parlamentares e na verba de gabinete.
Este pode ser parte do pacote de “advertências” contra essa escalada de hostilidades promovida pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Câmara.
A estratégia foi discutida por Lira com líderes dos partidos, na reunião que ocorreu na última quinta-feira (13), na residência oficial do presidente da Câmara.
Os líderes se comprometeram a orientar presidentes das comissões que pertencem às suas legendas sobre a imposição de limites na condução das reuniões.
A situação na Câmara pela ação dos bolsonaristas lunáticos chegou a um nível insuportável, que não pode ficar sem uma reação, sob pena do legislativo ficar desmoralizado. Espera-se que o presidente da Câmara tome as providências que promete.
SUCESSÃO DE BAIXARIAS
As últimas semanas tiveram sucessão de episódios com forte repercussão. O primeiro foi o discurso de Nikolas Ferreira (PL-MG) usando peruca, no plenário, em referência a transexuais.
Na semana passada, após depoimento do ministro Flávio Dino, na Comissão de Segurança Pública, Júlia Zanatta (PL-SC) tentou armar contra o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) acusando-o de tê-la assediado. Como ficou desmoralizada a farsa, os bolsonaristas utilizaram um vídeo manipulado e também desmascarado, tal a grosseria da montagem contra o deputado.
Diante desse show de horrores — protagonizados pelos deputados bolsonaristas —, Lira quer deixar alerta de que eventuais novos episódios precisam gerar alguma advertência para frear essas maquinações da extrema-direita na Câmara dos Deputados.
M. V.