Cineastas, escritores, jornalistas e artistas plásticos sublinham que este “não é apenas um imperativo moral, mas também uma obrigação perante o direito internacional”
300 artistas, cineastas, escritores e jornalistas espanhóis firmaram carta ao presidente Pedro Sánchez em que defendem “medidas urgentes para impor um embargo integral de armas a Israel”, para que se deixe de ser “cúmplice” do genocídio praticado na Palestina e no Líbano pelas tropas de Netanyahu.
“Diferentes pessoas do mundo da cultura nos unimos para transmitir que estamos profundamente preocupados com a grave situação de opressão e violência sofrida pelo povo palestino sob o genocídio e o regime de apartheid israelense”, afirma o documento, assinado entre outros pelo cineasta Pedro Almodóvar, pela atriz Alba Flores, pela diretora de cinema Isabel Coixet e pelos músicos Chicos del Maíz e Rozalén. “Como pessoas comprometidas com os valores da justiça, da paz e dos direitos humanos, sentimos a responsabilidade de levantar a nossa voz contra as injustiças que perpetuam o sofrimento da população palestina”, assinalam.
Como lembra o manifesto, “os embargos de armas são uma medida poderosa para ajudar a manter a paz e provaram ser eficazes em muitos outros contextos, e foram ferramenta fundamental para acabar com o apartheid sul-africano”. “Sabemos que está em suas mãos. Não é apenas um imperativo moral, mas também uma obrigação ao abrigo do direito internacional”, defendem.
Como ressaltam as personalidades do mundo artístico espanhol, “levamos demasiados meses vendo com horror os massacres praticados por Israel todos os dias”. “O fornecimento de armas e munições desde a Espanha, o transporte de armas e combustível militar através do nosso território e a compra de material militar contribuem para perpetuar a ocupação, financiar um genocídio do povo palestino e aumentar a perda de vidas e o sofrimento dos civis”, alertam.
Em nível internacional, recorda o documento, “a Espanha tem-se destacado como um país que se posicionou a favor da paz e do povo palestino. Mas não é suficiente. Enquanto a Espanha continuar a ter relações militares com Israel, continuará a ser cúmplice deste massacre. A população do Estado espanhol enche as ruas há meses exigindo medidas do seu governo. Ele deve ouvir o povo, que não quer ser cúmplice deste massacre”.
“PELOS DIREITOS DO POVO PALESTINO E DO POVO LIBANÊS”
“Um governo como aquele que você preside, que se define como progressista e procura garantir a defesa dos direitos humanos e do direito internacional a nível global, deve fazer muito mais pelos direitos do povo palestino e do povo libanês, acrescentando a sua voz ao de outras nações que já interromperam o comércio de armas com Israel e assim se mostram como um farol de luz em meio a tantas trevas”, propõem.
Como recorda a carta dos intelectuais, “o povo palestino suportou décadas de ocupação, deslocamento forçado e violações sistemáticas dos seus direitos fundamentais”. Agora, enfatizam, “é responsabilidade da comunidade internacional, incluindo a Espanha, não ser cúmplice, direta ou indiretamente, deste regime de opressão”, portanto, “o embargo de armas é uma ação concreta e urgente para pôr fim à violência excessiva e contribuir para uma solução justa”.
“Confiamos em você para assumir uma posição valente e coerente, e apoiar os esforços internacionais em prol de uma paz duradoura”, conclui a carta.