
Em discurso, o presidente voltou a afirmar que é preciso ampliar a relação comercial com o Japão para patamares acima dos US$ 17 bilhões
O presidente Lula afirmou nesta quarta-feira (26), no fórum empresarial realizado no Japão, durante sua visita ao país oriental, que a democracia está correndo risco em vários lugares do planeta com eleição de uma “extrema-direita negacionista e que não respeita nada”. A crítica se encaixa na figura de Donald Trump, apesar do líder brasileiro não citar nomes durante seu discurso.
“Nós temos que brigar muito pela democracia. A democracia corre risco no planeta com eleição de uma extrema-direita negacionista que não reconhece sequer vacina, não reconhece sequer a instabilidade climática e não reconhece sequer partidos políticos, sindicatos e outras coisas”, criticou Lula, destacando que isto “é a negação da política que não trará nenhum benefício para a humanidade”.
“Inclusive”, prosseguiu o presidente brasileiro, “os negacionistas não querem sequer atender o cumprimento do Protocolo de Kyoto”. “Nós precisamos defender muito bem e com muita força a questão do livre-comércio. Nós não podemos voltar a defender o protecionismo. Nós não queremos uma segunda Guerra Fria”, prosseguiu Lula, numa crítica às tarifas que Trump está impondo a vários países, inclusive o Brasil.
“O que nós queremos é comércio livre para que a gente possa definitivamente fazer com que nossos países se estabeleçam no movimento da democracia, no crescimento econômico e na distribuição de riqueza”, destacou em seguida. “Nós não queremos mais muros. Nós não queremos mais Guerra Fria. Nós não queremos mais ser prisioneiros da ignorância. Nós queremos ser livres e prisioneiros da liberdade”, apontou o presidente.
Lula saiu em defesa do bom relacionamento entre países. “É muito importante a relação entre os países. É muito importante a relação política. É muito importante a relação entre universidades. É muito importante a troca de experiências científica e tecnológica. É muito importante a relação entre os sindicatos. É muito importante a relação entre os partidos políticos. E, sobretudo, é muito importante a relação entre os povos”, assinalou.
O chefe do Executivo brasileiro se reuniu com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba. Ele celebrou a parceria entre os países e defendeu um acordo Japão-Mercosul, mas também usou o discurso para lamentar a crise climática e a escalada do conflito em Gaza. O primeiro-ministro afirmou que Japão e Brasil formarão uma estrutura para discutir formas de ampliar a relação comercial com o bloco sul-americano, cuja presidência rotativa ficará com Lula no segundo semestre deste ano.
Também em discurso pós-reunião, Lula voltou a afirmar que é preciso ampliar a relação comercial com o Japão para patamares acima dos US$ 17 bilhões registrados em 2011.
Lula aproveitou o discurso para, mais uma vez, lamentar o avanço da crise climática e pedir maior comprometimento dos países com a pauta.
O presidente também citou, em tom de lamento, a escalada de conflitos pelo mundo. Desde que tomou posse, em 2023, o brasileiro vem criticando a ação militar russa na Ucrânia e o genocídio praticado por Israel na Faixa de Gaza. “Nós estamos vendo os países que simbolizavam a ação democrática sofrendo riscos de desestabilização pela função e participação da extrema-direita, nós vimos o que está acontecendo na Europa, que era uma parte do mundo que só vivia em termos de tranquilidade”, disse Lula.
Durante o fórum empresarial, Lula citou a venda de 15 jatos E-190 da Embraer à empresa japonesa All Nippon Airways (ANA), com possibilidade de aquisição de mais cinco aeronaves.
“A Embraer tornou-se a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo e tem mercado importante aqui no Japão. A ANA, maior companhia aérea japonesa, anunciou e fizeram acordo hoje a compra de até 20 jatos E-190 da Embraer, que eu posso dizer ao primeiro-ministro Ishiba que é de muita qualidade os aviões da Embraer. Quem compra 20 pode comprar um pouco mais e quem sabe todas as empresas japonesas podem voar de avião da Embraer”, afirmou. Segundo o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o negócio gira em torno de R$ 10 bilhões.