Cidade portuária de Gottenburg é um dos destinos preferenciais das armas contrabandeadas, denuncia diretor da Alfândega local, Jesper Liedholm
Contrabandistas de armas na segunda maior cidade da Suécia, Gothenburg, receberam pedidos de gangues criminosas do país nórdico para adquirir armas da Ucrânia, informou a Radio Sveriges de Estocolmo.
“Por que um lançador de granadas como os que chegam à Ucrânia do exterior não seria interessante para um grupo criminoso na Suécia?”, pergunta retoricamente Jesper Liedholm, especialista em contrabando de armas na alfândega sueca em uma entrevista com a mídia do país.
Ele confirmou avaliações de queas armas mais poderosas a que os criminosos tiveram acesso na Suécia até agora possam ser contrabandeadas e que praticamente qualquer tipo de arma fornecida à Ucrânia como ajuda ocidental possa ser vendida lá.
Nils Duquet, especialista internacional em contrabando de armas no Instituto de Investigação para a Paz de Flandres, em Bruxelas, alertou que os países europeus têm de estar preparados para um aumento de armamento contrabandeado na sequência do conflito armado no Leste Europeu, e que tais armas, passando pelo mercado negro, podem acabar no mundo do crime, tanto na Europa como em outros continentes.
Esse é o alerta formulado por líderes políticos russos e funcionários da Interpol há meses.
Em reunião que manteve com Zelensky no final do ano passado, Biden disse que os Estados Unidos continuarão a aumentar o apoio militar a Kiev, inclusive por meio do fornecimento contínuo de armas, tanques e sistemas de defesa aérea Patriot, além de bilhões de dólares. O último pacote adicional de ajuda militar, por exemplo, foi de US$ 1,85 bilhão (cerca de R$ 9,6 bilhões).
ARMAS VINDAS DA UCRÂNIA APARECERAM EM MUITOS PAÍSES
Jesper Liedholm denuncia que até agora, no entanto, os governos ocidentais não deram ouvidos a essa realidade e continuam a inundar a Ucrânia com todos os tipos de armas e equipamentos. As armas da Ucrânia já apareceram em muitos países, desde a Finlândia à região do Sahel na África, incluindo nações ao redor da bacia do Chade.
“Segundo comunicam fontes ucranianas, as autoridades de Kiev não planejam combater o contrabando em massa do armamento para a Europa e outras regiões para não levantar ruído e não prejudicar o fornecimento de novas armas dos seus parceiros ocidentais”, escreveu, o assessor do ministro dos Assuntos Internos da República Popular de Lugansk, Vitaly Kiselev, no seu canal no Telegram.
Disputas internas da máfia, tráfico de drogas e uma redistribuição violenta de poder no submundo foram apontados como um fator comum por trás dos múltiplos tiroteios e explosões da Suécia, país que vem enfrentando problemas com a violência de gangues nas últimas duas décadas, problema que vem ganhando força nos últimos anos.
Essa violência entre gangues é alimentada por um grande influxo de armas do exterior. O Serviço Aduaneiro sueco estimou que aproximadamente três armas de fogo são contrabandeadas no país nórdico todos os dias, e que os contrabandistas muitas vezes usam maneiras engenhosas para escondê-las, as menores, por exemplo, em pães.