Eduardo Cunha, Daniel Silveira e suas respectivas tornozeleiras eletrônicas estavam no palco do candidato paraquedista
A convenção paulista do Republicanos, ocorrida no sábado (30), que indicou Tarcísio de Freitas, o bolsonarista carioca que nunca morou em São Paulo, como candidato ao governo do estado, mais parecia uma reunião de ex-presidiários. No palco, Eduardo Cunha (PTB) e Daniel Silveira (PL), dois ex-detentos, com suas tornozeleiras eletrônicas, declaravam apoio entusiasmado a Tarcísio.
Eduardo Cunha, outro carioca que foi preso por roubar recursos públicos e depositar em contas secretas em nome da mulher e da filha no exterior, viu que Tarcísio era paraquedista em São Paulo e pensou: “se ele pode ser paraquedista por aqui, por que eu, que também sou carioca, também não posso?” A situação de Tarcísio é semelhante a do ex-juiz Sérgio Moro que também tentou fraudar seu endereço eleitoral em São Paulo e acabou tendo sua filiação em São Paulo cancelada pela Justiça Eleitoral.
Confirmando sua condição de paraquedista e desconhecedor dos problemas e da realidade de São Paulo, Tarcísio criticou as últimas gestões do estado. “Esse grupo no momento em que o Brasil passou pela maior dificuldade de sua história recente, o que fez? Aumentou impostos, afastou crianças da escolas, fechou comércio”, criticou, em referência às medidas sanitárias impostas na pandemia de covid-19. Ele, assim como Bolsonaro, desprezou a grande contribuição dada ao país por São Paulo, pelos cientistas do estado e pelo Instituto Butantan, que criou produziu a primeira vacina aplicada nos brasileiros.
Assim como Bolsonaro, o seu cupincha e candidato seguiu advogando a favor do vírus e da infecção generalizada e das mortes. Para ele, não foi suficiente uma doença que matou mais de 750 mil brasileiros. Criticou os cuidados que foram tomados no estado e em todo o Brasil para que a população não se infectasse e morresse ainda mais. Enquanto São Paulo produzia vacina a cuidava para que a doença não se espalhasse, Bolsonaro e Tarcísio combatiam as vacinas, o uso de máscaras e os cuidados para proteger a população. Bolsonaro defendia que a população se infectasse o mais rapidamente possível.
Mesmo com todo o empenho de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas aparece em terceiro nas pesquisas eleitorais até agora. Ele esqueceu que Bolsonaro prejudicou o estado cortando R$ 1 bilhão do orçamento do ICMS para as universidades públicas estaduais e mentiu dizendo que o governo Bolsonaro tirou ideias do papel e transformou “sonhos” em realidade. O Hospital Federal da Unifesp acaba de fechar o seu Pronto Socorro por falta de verbas. “Nós vamos tirar os projetos do papel, que vão combater a fome, pobreza extrema, levar o saneamento básico onde ainda não chegou”, declarou. Nenhum grande projeto federal foi feito em São Paulo.
Vivendo num mundo de fantasia, ou melhor, num mundo de farsa e demagogia, Freitas afirmou que as ferrovias voltaram ao Brasil durante o governo Bolsonaro. Não citou uma linha sequer como exemplo e acha que a população de São Paulo não percebe a sua farsa. Disse que São Paulo merece novos aeroportos regionais e a construção do Rodoanel. E, em ato falho, condizente com os planos de Bolsonaro – que disse aos americanos que não vinha para construir nada, mas sim para destruir -, Tarcísio afirmou: “Não podemos permitir mais obras acabadas […]”. Realmente, Bolsonaro não concluiu nenhuma obra importante no país e nem em São Paulo.
O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, acusado de receber propina dos grupos Odebrecht e JBS, de acordo com a Operação Lava Jato, chamou o candidato ao Palácio do Bandeirantes de “Tarcisão do asfalto”. Achava-se que era “Tarcisão do trilho”, deve ser porque sua indicação foi asfaltada por Bolsonaro. Pereira prosseguiu: “A bandeira do Brasil jamais será vermelha. A partir de hoje o Republicanos homologa o apoio oficial à reeleição de Jair Messias Bolsonaro para continuar arrumando o Brasil”, declarou.