Marta Suplicy, secretária municipal de Relações Internacionais de São Paulo, participou da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26), nesta terça-feira (9), e ao falar sobre as ações da Prefeitura, destacou a cidade como “baluarte contra o negacionismo climático e científico” e criticou o governo Bolsonaro.
A ex-prefeita da capital paulista criticou os cortes que estão sendo promovidos pelo Governo Federal, que seriam fundamentais para o meio ambiente com danos de grande impacto.
A transição para um transporte público zero carbono é inevitável e ela pode ser alcançada e acelerada em escala, mas para isso é preciso de um engajamento de todos.
“A grande lição aprendida sobre o que tem que ser feito é não ignorar a ciência, porque ignorar a ciência traz consequências devastadoras, além de ser uma bobagem tremenda, porque mentira não resiste há duas pesquisas no Google, então fica completamente ridículo e a floresta é uma testemunha viva do que se faz”, iniciou Marta.
Logo em seguida, ela denunciou no evento mundial, os ataques do governo Bolsonaro à ciência e também o desmonte orquestrado pelo seu governo, as instituições de fiscalização e monitoramento.
“No governo Bolsonaro, a ciência está sob ataque. É uma administração negacionista, que não se preocupa com as consequências da mudança do clima, como se não estivesse nada acontecendo. E esse governo tem praticado cortes de investimentos públicos que são fundamentais para a preservação do meio ambiente e o impacto tem sido gigantesco, todas as estatísticas tem mostrado isso”, afirmo Marta Suplicy.
“É um ataque sistemático, sob liderança do presidente, aos sistemas de monitoramento ambiental e climático. Nos últimos anos a gente tem enfrentado as consequências desse movimento, que dá como consequência principal o aumento das queimadas, o crescimento dos índices do desmatamento nos biomas brasileiros e o aumento da vulnerabilidade da população indígena”, ressaltou.
“Nós temos estatísticas que mostram que, desde janeiro, que a cada 17 segundos, uma arvore é derrubada. É muito grave”, apontou a secretária.
“Nós temos que pensar também, o que foi essa destruição toda, desde o Ibama que fiscalizava, o instituto Chico Mendes, a Funai, todos tinham funções técnicas cientificas de oferecer à nós, gestores, insumos para a formulação de políticas públicas, embasados em dados científicos e nós não temos mais isso”, ressaltou Marta Suplicy.
“No primeiro resultado apresentado pelo INPE, o governo fechou, quer dizer, fechou, não, mas finge, porque nada funciona como deve funcionar. O governo tira os técnicos que apontaram o desmatamento e colocaram pessoas que não estão lá para mostrar coisa nenhuma, estão lá para turvar as informações e sem a ciência e sem a informação fica muito difícil poder atuar”, denunciou a secretária.
“Mesmo assim, nós conseguimos dados por outros meios e os dados são alarmantes, como a Amazônia se tornar emissora de carbono. Quando na minha vida eu poderia imaginar que aconteceria isso com o Brasil?”, questionou Marta.
Após analisar as dificuldades impostas pelo governo Bolsonaro, a secretária apresentou as principais previsões do Plano de Ação Climática do Município 2020-2050 (PlanClima-SP), com destaque para o tema da eletrificação da frota de ônibus na capital.
Segundo Marta Suplicy, apresentar na COP 26 os principais compromissos da cidade de São Paulo é mostrar ao mundo, neste momento de intensos debates políticos, que as cidades, especialmente a quarta maior aglomeração urbana do mundo, podem efetivamente contribuir para redução da emissão de poluentes, combatendo mudanças climáticas.
“O compromisso de São Paulo é com a promoção da mobilidade urbana segura e sustentável, apoiando o crescimento econômico e mitigando os danos ambientais. Como um baluarte contra o negacionismo climático e científico, estamos comprometidos em trazer a ação climática para o centro das discussões, ao propor iniciativas ousadas e inovadoras, liderando o caminho”, afirmou Marta Suplicy.
Segundo a secretária, “atualmente a ciência nos mostra que está concentrada nas cidades a maior parte das emissões de gases de efeito estufa. Em São Paulo, o terceiro inventário de emissões identificou que o setor de transportes representa 62% do total de gás carbônico emitido na atmosfera”, observou.
“Já estamos sob trabalho intenso para ter uma frota de ônibus com matrizes energéticas limpas no curtíssimo prazo. Nosso programa de metas já considera que 20% da frota seja carbono zero até 2024. Um compromisso que exige planejamento, disponibilidade de recursos internacionais e locais”, explicou.
Segundo Marta Suplicy, São Paulo instituiu o Comitê Gestor para Acompanhamento da Substituição de Frota por Alternativas Mais Limpas (Comfrota). Composto por representantes da sociedade civil, da Prefeitura e de operadores de ônibus, o órgão simboliza o comprometimento da cidade com a transição dos veículos municipais e com o amplo diálogo com a sociedade.
MAIRA CAMPOS