Com isso, o BC, chefiado por Gabriel Galípolo, presenteia os banqueiros com uma taxa de juros reais de 9,44% (descontado a inflação esperada), a segunda maior taxa do planeta
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) manteve nesta quarta-feira (10) o nível da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano.
Essa decisão se dá após as divulgações do PIB brasileiro, que seguiu estagnado no 3º trimestre deste ano, e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro (0,18%), que registrou a menor taxa para um mês de novembro desde 2018.
Com a manutenção da taxa nominal de juro em 15%, o BC, chefiado por Gabriel Galípolo, presenteia os banqueiros com uma taxa de juros reais de 9,44% (descontado a inflação esperada), a segunda maior taxa do planeta, que perde apenas para a da Turquia (10,33%), de acordo com cálculos do site MoneYou, que analisou 40 países – sendo média geral de juros reais de 1,14%.
Em 12 meses até outubro, a inflação ficou em 4,46%, dentro do intervalo de tolerância de 4,5% proposto pelo sistema de metas de inflação do governo federal. Criada em 1999 pelo então governo de FHC, a meta de inflação, sempre regulada por meio de juros altos, só tem servido para fomentar políticas recessivas econômicas, desindustrialização e desemprego no Brasil.
Números do IBGE, divulgados na última semana, revelaram que o PIB brasileiro segue em estagnação, ao variar em alta de 0,1% no 3º trimestre deste ano, após ficar em 0,3% no 2º trimestre do mesmo ano. Esses resultados foram inferiores ao primeiro trimestre de 2025, de 1,5% de crescimento, devido principalmente à agropecuária, que conta com a menor participação no PIB.
A estagnação da economia é reflexo direto dos escorchantes juros do BC, que vem desaquecendo o consumo das famílias, paralisado no 3º trimestre deste ano, ao variar em alta de 0,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, e registra alta de apenas 0,4% em relação ao mesmo período de 2024 – sendo a menor taxa desde o primeiro trimestre de 2021, época de pandemia de Covid-19.
Os efeitos da política monetária contracionista do BC colocaram a taxa de investimento da economia (FBCF/PIB em termos nominais) no nível medíocre de 17,3% no terceiro trimestre, o que representou queda de 0,1 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2024.
Frente ao terceiro trimestre de 2024, o indicador FBCF – que mede os investimentos em máquinas e equipamentos, construção civil, etc… – registra alta de 2,3%, o que é uma redução aos 4,1% de crescimento observado no segundo trimestre deste ano – na mesma base comparativa.
A desaceleração dos níveis do consumo e dos investimentos aprofundaram a derrocada dos indicadores da indústria de transformação, que viu seu PIB cair -0,6% no 3º trimestre de 2025, em relação com o mesmo trimestre de 2024. No primeiro trimestre, o principal ramo da indústria brasileira registrou queda de 1,1%, seguida de nova retração de 0,4% no 2º trimestre.
A indústria como um todo cresceu 1,7%, puxada pelas altas de 11,9% nas indústrias extrativas, ambas comparadas com o 3º trimestre de 2024.
Em outubro de 2025, a produção pela indústria de transformação recuou -06% no mês, após ter crescido em setembro (0%), conforme o IBGE. No décimo mês de 2025, ainda, o faturamento real da indústria recuou 2,7%, amargando a terceira taxa mensal negativa consecutiva, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Assim como na indústria, o setor de Serviços teve seu resultado do terceiro trimestre (alta de 0,1% em relação ao segundo trimestre deste ano, com o crescimento no Comércio subiu apenas 0,4%) também atrelado a perda de fôlego associada ao baixo consumo das famílias e ao declínio dos investimentos no país.
O investimento pelo governo ficou em alta 1,3% no 3º trimestre ante ao trimestre anterior.
Com a Selic em 15%, em 12 meses até outubro deste ano, o gasto do setor público consolidado (União, Estados/municípios e estatais) com juros chega a R$ 987,2 bilhões, o que corresponde a 7,88% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) do Brasil.
Em seu comunicado, o Copom afirma que “decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a”., e avalia que “a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Segundo o Comitê, “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, ameaça.











