Sucesso anima pesquisadores do Butantan. Número de casos e mortes desabou quando 75% da população foi imunizada. Casos sintomáticos caíram 80% e o número de internações foi reduzido em 86%
Os primeiros resultados do estudo sobre a eficácia da CoronaVac promovido pelo Instituto Butantan na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, foram divulgados pelos pesquisadores neste domingo (30) em reportagem do Fantástico, da Rede Globo, e são extremamente animadores. Os resultados positivos poderiam estar acontecendo no país inteiro, se não houvesse tanto atraso na compra das vacinas.
ESTUDO INÉDITO NO MUNDO
O presidente do Butantan, Dimas Covas, comemorou o resultado e informou que os dados serão publicados em breve em revista científica renomada e que o estudo é inédito no mundo. Em sua opinião, o Instituto Butantan, com este estudo, estará dando uma grande contribuição à ciência mundial.
A cidade paulista de 45 mil habitantes foi escolhida para a vacinação em massa porque tinha um alto índice de contágio. A imunização seguiu critérios científicos. A cidade foi dividida em 25 áreas que formaram quatro grupos. Os grupos foram vacinados, um por vez, com uma semana de diferença. Nos últimos quatro meses, pesquisadores do Instituto Butantan mediram os efeitos da imunização em larga escala na cidade.
QUEDA SE ACENTUOU COM 75% DE VACINADOS
O número de mortes por Covid-19 na cidade caiu 95%. O número de casos sintomáticos da doença teve uma redução de 80%. E a quantidade de hospitalizações teve uma queda de cerca de 86%. Serrana agora está protegida, numa região onde a pandemia castiga todas as cidades vizinhas. Um outro dado importante, detectado pelos cientistas, é que o controle da pandemia se deu depois que 3 dos 4 grupos receberam a segunda dose. Ou seja, cerca de 75% da população.
NÚMERO DE MORTOS CAIU 95%
Num primeiro momento, a vacinação ainda não tinha terminado, quando Serrana enfrentou um aumento no número em março, acompanhando o que ocorria na região. “Como toda a região teve acréscimo nos casos, Serrana também não foi diferente. A grande maioria desses casos são pessoas que não tomaram a vacina ou então tomaram só uma dose. Então, de forma geral, está bem controlada aqui na cidade”, explicou o prefeito da cidade, Leo Capitelli.
O cenário mudou entre o fim de março e o começo de abril. Segundo os cientistas, a situação começou a mudar quando dois dos quatro grupos ficaram imunizados com a segunda dose. Em abril, Serrana já observava uma queda expressiva na incidência da Covid-19. De 699 casos em março, esse número caiu para 251. E as mortes passaram de 20 para 6, nesse mesmo período.
O resultado fez com que a cidade, que vivia uma grande pressão no sistema de saúde, voltasse à condição de quase normalidade. Ao contrário de Serrana, que está com uma perspectiva otimista, 23 cidades nas regiões de Ribeirão Preto e Franca adotaram medidas mais rígidas para reduzir a transmissão do vírus. Cerca de dez mil habitantes do município trabalham na vizinha Ribeirão Preto que se encontra em situação de crise, tendo decretado medidas restritivas recentemente. Este está sendo considerado um grande teste da imunidade.
SERRANA ESTÁ PROTEGIDA
Nos últimos dias, para evitar o descontrole no fluxo de moradores de outras cidades, principalmente de Ribeirão Preto, para Serrana, que está com supermercados, comércio e restaurantes abertos, uma barreira sanitária foi instalada no acesso à cidade. A barreira em Serrana fica na entrada da Rodovia Abrão Assed. Os veículos são abordados, sobretudo os de placa de outras cidades, e os agentes da Vigilância Sanitária fazem orientações educativas e preventivas aos passageiros.
A expectativa de Serrana é sair da pandemia acelerando ainda mais a recuperação dos setores da sociedade. As aulas presenciais, por exemplo, já estão acontecendo com 35% da capacidade das escolas. Segundo o prefeito, com foco na retomada econômica, foi aprovado na Câmara um projeto de lei que garante incentivo fiscal e a busca de novos investimentos. Este resultado mostra que esta é a situação em que o Brasil poderia estar caso o governo Jair Bolsonaro não sabotasse a compra de vacinas.