Itália ultrapassa a marca dos 23 mil mortos na pandemia
O comissário para a gestão da pandemia do novo coronavírus na Itália, Domenico Arcuri, afirmou no sábado (18) que o número de mortos causados pela Covid-19 na Lombardia já é quase seis vezes o número de mortes por bombardeio na região na II Guerra Mundial.
“Entre 11 de junho de 1940 e 1º de maio de 1945 morreram em Milão por conta dos bombardeios da II Guerra Mundial cerca de dois mil civis. Em dois meses, na Lombardia, morreram 11.851 civis por coronavírus. Um número clamoroso”, enfatizou.
Arcuri acrescentou que “além da solidariedade que temos que ter com os lombardos e tendo consciência da gravidade da emergência naquelas terras, precisamos também saber que estamos vivendo uma grande tragédia que ainda não derrotamos”.
A Lombardia, cuja capital é Milão, foi o epicentro da pandemia na Itália e, mesmo sendo a região mais rica do país, não escapou do colapso do sistema hospitalar e dos cemitérios.
No sábado, a Itália chegou a 23.227 mortos na pandemia, embora pelo 15º dia consecutivo, haja registrado queda no número de pessoas internadas nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), com 2.733 – 79 a menos que no dia anterior.
“A pressão nos hospitais foi claramente aliviada”, afirmou o presidente do Conselho Superior de Saúde da Itália, Franco Locattelli, que lembrou que os internados em UTI no dia 3 de abril eram 4.068, contra pouco mais de 2.700 de agora.
Locatelli também revelou que apenas 5,35% dos mais de 65 mil testes realizados em um dia deram positivo para o coronavírus. “Isso prova que o distanciamento social e o fechamento contiveram a epidemia”.
Na sexta-feira, a Itália comemorou um recorde de altas em 24 horas: 2.563, o que eleva para mais de 42 mil os curados. “O número (2.563) é um recorde registrado desde o início da crise”, confirmou o chefe da Defesa Civil da Itália, Ângelo Borrelli. Os dados são computados desde 21 de fevereiro.
A Itália também teve a menor alta proporcional no número de mortos em 24 horas, 2,1%, referente a 482.
No ranking de mortos da pandemia, a Itália só fica atrás dos EUA. Em contágios, é o terceiro, com 175.925 casos confirmados.
Mas os números também revelam a pressão que ainda subsiste sobre a Lombardia. 94% dos novos casos ativos da Itália das últimas 24 horas foram registrados ali. É o maior aumento desde 12 de abril.
Sobre os próximos passos na Lombardia, o comissário Arcuri assinalou que é preciso “agir com cautela e prudência”. “Sem a saúde e a segurança, a retomada econômica duraria apenas um piscar de olhos”, advertiu.
“Precisamos continua a ter equilíbrio nesses dois aspectos. Afrouxar progressivamente as medidas de contenção, garantindo a segurança e a saúde do maior número de cidadãos possíveis. Não há espaço para improvisos”, destacou Arcuri.
O governador da Lombardia, Atilio Fontana, da Liga Norte, que antes acusava o governo de Giuseppe Conte de ter sido lento para implementar a quarentena, agora é o campeão da pressa para reabrir tudo.
A partir desse sábado, a Defesa Civil italiana não realizará mais as coletivas de imprensa diárias por considerar que a pressão sobre os hospitais de todo o país foi reduzida significativamente. Elas passarão a ocorrer apenas duas vezes por semana.
A redução dos números de mortes diárias e de pacientes internados aumenta a expectativa pela reabertura gradual das atividades não essenciais e alívio do isolamento social, em vigor pelo menos até 3 de maio e que começou em 9 de março. Em cidades como Nápoles, Bolonha, Veneza, Florença e Roma, a quantidade de doentes tem diminuído a cada dia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem chamado os países europeus sob a pandemia a “não baixarem a guarda” e a observarem cuidadosamente o cumprimento das orientações para alívio das medidas de isolamento social, que tem constituído o mecanismo essencial diante da falta de vacina e de tratamento para a Covid-19.
O diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, afirmou que as próximas semanas serão “críticas” para evitar que venha a ocorrer uma segunda onda de contágios, que traria danos ainda piores para a economia. O número de casos da Covid-19 na Europa já ultrapassou 1 milhão.
Os seis pontos da OMS incluem a garantia de que as infecções estejam controladas, que o sistema de saúde possa enfrentar a fase de transição e tenha capacidade para testar em massa, que o risco de surtos seja minimizado, que medidas preventivas tenham sido tomadas nas escolas e nos locais de trabalho, que haja uma gestão adequada de possíveis casos importados e que a opinião pública esteja bem informada.
Também é essencial a proteção do pessoal médico. Como Kluge lembrou, 1 em cada 13 casos confirmados da Covid-19 na Europa é de profissionais de saúde.
ANTONIO PIMENTA