Em reportagem do NYT, o coronel relatou o movimento do Departamento de Estado do EUA para livrar Israel do crime de assassinato da jornalista Shireen Abu Akle
O artigo publicado pelo New York Times traz a denúncia do coronel norte-americano, Steve Gabavics, sobre o acobertamento do assassinato da jornalista palestina-americana, Shireen Abu Akle, principal âncora da rede Al Jazeera para a região.
Shireen foi assassinada em 2022 na Cisjordânia enquanto cobria um ataque das forças de Israel à cidade de Jenin.
De acordo com o coronel, seus superiores do Departamento de Estado norte-americano alteraram a conclusão do relatório para sugerir que o tiro foi acidental. Mais um grave exemplo da cumplicidade dos governos dos EUA com os crimes cometidos pelo Estado genocida israelense.
Israel tentou inicialmente incriminar a Resistência Palestina, mas depois de um ano, com todas as evidências apontando contra as forças israelenses, as responsabilizando pela morte de uma destacada jornalista norte-americana, eles fizeram uma “mea-culpa”, parcial e fajuta.
“O resultado foi de circunstâncias trágicas”, escreveram os oficiais americanos. Segundo eles, as autoridades americanas concluíram que os militares israelenses eram “provavelmente responsáveis”, mas que “não encontraram motivos para acreditar que isso [o assassinato] foi intencional”.
Mas o coronel, Steve Gabavics, militar americano de 30 anos de carreira, relatou para o NYT que o assassinato foi proposital. Ele foi escolhido para fazer a investigação do caso enquanto servia em Israel.
Gabavics disse que era consenso entre ele e outros investigadores que o soldado israelense que disparou contra Abu Akle sabia que ela era jornalista.
O coronel chegou a essa conclusão baseado no fato que Abu Akle foi atingida na cabeça, pela comunicação por rádio entre os soldados israelenses indicando que eles sabiam que havia jornalistas na área e ainda com a presença de um franco-atirador israelense no lugar em que a jornalista se encontrava.
Outra evidência é que no momento do assassinato não houve nenhum tiroteio na localidade em que Abu Akle e sua equipe estavam. Os israelenses não tinham motivo para abrir fogo no local.
“O indivíduo saiu do caminhão em que estava atirando aleatoriamente e por acaso tinha tiros muito bem direcionados ainda que sem olhar para a mira”, detalhou o coronel.
“Portanto, o soldado israelense deve ter atirado em Abu Akle intencionalmente”, explicou Gabavics.
Agora que está aposentado, Gabavics decidiu dar uma entrevista para o NYT, relatando o processo do encobrimento do crime e como ele foi impedido de continuar a elaborar a revisão da investigação pelo seu chefe, o tenente. Gen. Michael R. Fenzel, que ameaçou demiti-lo e, arbitrariamente, enviou o relatório final para o Departamento de Estado norte-americano dizendo que o assassinato da jornalista não foi intencional.
A denúncia do coronel evidencia a divisão dentro do próprio governo americano quanto à impunidade e recusa de fazer qualquer crítica às ações de Israel. Muitos oficiais do governo americano já expressaram frustração pela proteção incondicional dada a Israel, na época sob a presidência do democrata Joe Biden.
“O favorecimento é sempre para com os israelenses. Muito pouco disso vai para os palestinos”, disse Gabavics sobre o período que passou como chefe de gabinete do general Fenzel. Segundo o coronel, ele e seus colegas de gabinete “ficaram pasmos com o fato de que foi isso que eles divulgaram”.
Na mesma reportagem, outros quatro oficiais americanos relataram para o NYT o que presenciaram sob a condição de se manterem anônimos, dizendo que acreditam que as ações do general Fenzel em favor de Israel foram para “preservar a relação de trabalho de seu escritório com os militares israelenses, que anteriormente haviam parado de cooperar quando descontentes”.










