O corpo encontrado na semana passada no rio Chubut, do sul da Argentina, foi confirmado que é de Santiago Maldonado, desaparecido em 1º de agosto em meio a uma violenta operação policial, assinalou seu irmão, Sergio Maldonado, na sexta-feira (20). “Pudemos olhar o corpo, de modo que estamos convencidos de que seja ele”, declarou na saída do Instituto Médico Legal onde foi realizada a necrópsia.
O jovem de 28 anos desapareceu no dia 1º de agosto depois que dezenas de agentes da Guarda Nacional entraram na ocupação dos índios mapuche “Pu Lof em Resistência”, em Chubut, província da Patagônia argentina.
Segundo testemunhas, os guardas dispararam balas de chumbo e borracha e queimaram os pertences das famílias da comunidade para tentar desocupá-la. Maldonado estava ali desde o dia anterior, acompanhando os indígenas e foi visto pela última vez quando tentava escapar dos tiros.
O terreno da Pu Lof ficou nas mãos do latifundiário Luciano Benetton, da empresa têxtil Benetton, e está ocupado por cinco famílias mapuche que lutam pela recuperação de seu território ancestral e por políticas em prol dos direitos indígenas desde março de 2015. A multinacional italiana tem 900.000 hectares na Patagônia argentina, território que vem comprando a baixo preço desde o governo de Carlos Menem.
“Há grandes responsabilidades que desde o presidente (Mauricio Macri) para baixo terão que render contas à história, mas primeiro à justiça”, advertiu a presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto. “O presidente não disse nada até agora, e a ministra de Segurança, Patricia Bullrich, nos disse na cara que não ia aceitar, que era um desaparecimento forçado e que nunca ia envolver a Gendarmería”, assinalou.
Estela frisou que a partir de agora “temos que buscar os malditos que o esconderam, o mataram e o jogaram no rio”.
Em uma mostra de apoio, o papa Francisco receberá nos próximos dias à família de Santiago Maldonado.