O correio da Irlanda lançou na última terça-feira um selo comemorativo para homenagear o 50º aniversário da queda em combate de Ernesto Che Guevara e reivindicar suas raízes irlandesas.
O selo reproduz a imagem mais conhecida do guerrilheiro, captada pelo fotógrafo cubano Alberto Korda, retocada artisticamente pelo dublinense Jim Fitzpatrick. Extremamente popular, a expressão já foi publicada em pôsteres, camisetas, botons e adesivos, sendo considerada a mais famosa do século 20.
Korda jamais recebeu um centavo por conta de direitos de propriedade intelectual pela fotografia. “Como defensor dos ideais pelos quais Che Guevara morreu, não me oponho à reprodução da imagem para difusão de sua memória e da causa da justiça social no mundo”, sublinhou.
A fotografia foi captada no dia 5 de março de 1960, durante uma cerimônia fúnebre que homenageava as 136 vítimas fatais da explosão do barco Coubre pela CIA no Porto de Havana. Vindo da Bélgica, a embarcação trazia munições para o recém vitorioso governo revolucionário.
No momento da explosão, Che estava reunido no Instituto Nacional de Reforma Agrária e, ao escutar o estrondo e ver a nuvem de pó cobrindo a cidade, correu até o local do atentado terrorista e, como médico, passou a auxiliar no atendimento aos feridos. Cerca de meia hora depois, uma segunda explosão, ainda mais poderosa, lesionou e matou voluntários que haviam ido socorrer os feridos.
Enquanto Fidel Castro discursava, Korda, que cobria o evento pelo jornal Revolução, percebeu Che no palanque. O fotógrafo clicou duas vezes o revolucionário argentino, uma na horizontal e outra na vertical. Como nenhuma das duas foi usada pelo jornal, Korda as manteve em seu arquivo pessoal.
O registro, assinalou o fotógrafo, reproduziu a concentração do Che que, então com 31 anos, demonstrava “pura ira pelas mortes ocorridas no dia anterior”. A foto ganharia mais tarde o nome de “Guerrilheiro Heroico”.
Em 1967, enquanto Che combatia na Bolívia, um jornal italiano contatou Korda em busca de retratos do guerrilheiro e foi presenteado com duas cópias da fotografia. Editadas, elas ganharam o mundo, reproduzidas em milhões de panfletos e cartazes em outubro, quando as autoridades bolivianas anunciaram a morte do combatente.
Para o escritor estadunidense Jon Lee Anderson, que escreveu uma importante biografia sobre o líder, “Che aparece como o ícone revolucionário sem igual, com um olhar desafiante que examina o futuro. Seu rosto é a encarnação viril da indignação diante da injustiça social”.