Em entrevista ao jornal O Globo, o novo presidente dos Correios, Fabiano Silva, disse que, com a retirada da empresa do Programa Nacional de Desestatização pelo presidente Lula, “os Correios serão fortalecidos em seu papel de integrador nacional”.
“Somos uma empresa pública, a única estatal a estar presente em todo o território brasileiro, que continuará dispondo a sua estrutura na universalização dos serviços postais”, disse o advogado, que assumiu a presidência da estatal no último dia 4.
Fabiano Silva afirmou que se empenhará ao máximo “para fomentar a missão da estatal como braço logístico do Estado” e que os Correios “são fundamentais para o desenvolvimento do país e para a agenda governamental de inclusão e cidadania”.
Sobre o projeto de lei de privatização dos Correios enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso Nacional, que tramita no Senado, Fabiano disse que, de sua parte, fará “todos os esforços para que o PL seja encerrado”, mas esclareceu que o assunto “será tratado pelo órgão supervisor, o Ministério das Comunicações, em conjunto com o Parlamento”.
Reafirmando o “papel dos Correios como integrador nacional”, o novo presidente do órgão disse ainda que sua prioridade será o “aumento da competitividade, modernização, ampliação de parcerias, melhorias na governança corporativa, valorização dos empregados e da educação corporativa, e avanço na interlocução com os órgãos de controle externos”.
Nesse sentido, Silva elencou novidades que pretende implementar como, a continuidade do apoio ao comércio nacional e exterior “com soluções práticas e acessíveis, além de inovações significativas no portfólio dos Correios, como entregas no mesmo dia; soluções logísticas completas para toda a cadeia de valor das empresas; ampliação da coleta e da rede de atendimento, com lockers e pontos de coleta; evolução dos canais digitais; simplificação do processo de exportação; mais rapidez, tecnologia e informação nas importações; e modernização dos sistemas”.
Perguntado pela reportagem do Globo sobre a “existência de uma cartilha dos Correios, segundo a qual ‘conduta inconveniente’ e ‘olhar sedutor’ não configuram assédio sexual”, que já foi suspensa, Silva foi taxativo em afirmar que vai constituir um grupo de trabalho multidisciplinar “para elaborar uma política pautada pelo enfrentamento de desigualdades dentro e fora da empresa, bem como no combate de todo tipo de assédio moral e sexual”.
“A cartilha está em dissonância com a sensibilidade que o tema exige”, disse. “Não haverá mais espaço para naturalizar condutas que reproduzem uma sistemática de opressão de gênero ou raça. Nosso compromisso será em manter um ambiente plural, salubre e respeitoso”, concluiu.
Fabiano Silva, além de advogado, é professor universitário e já trabalhou com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, quando este assumiu a pasta em 2005, e com Marta Suplicy, quando ela foi prefeita de São Paulo.