O juiz Marcelo Bretas, responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, afirmou que a eleição presidencial é a que, entre todos os pleitos previstos para outubro, vai ter mais impacto nas investigações.
“É o presidente da República quem indica os ministros do Supremo Tribunal Federal e, dependendo de quem for, pessoas que hoje são julgadas por determinadas acusações poderão ou não se sentir mais confortáveis”, disse. No próximo governo, os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio de Mello terão que se aposentar, porque atingem a idade limite de 75 anos.
Bretas participou, na sexta-feira (27), num fórum de debates, um evento paralelo à Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip. No evento, ele foi sabatinado sobre diversos assuntos. Em sua avaliação sobre a Lava Jato, disse que se guia por uma ideia ao julgar: o político condenado por corrupção não pode ter uma segunda chance.
“Isso de certa forma contraria meus próprios princípios religiosos. Mas, se ficar provado que ele fez aquilo, acabou. É como se fosse uma pena de morte política”, afirmou.
Questionado sobre colaborações premiadas, o juiz defendeu o instituto e disse que, além de ser um direito do réu, ela pode significar um ganho de tempo e também de recursos para o governo. Para Bretas, os políticos que criticam esse instrumento fazem isso não porque seja algo ruim, “mas porque querem se proteger”.
Como responsável pela Lava Jato no Rio, Marcelo Bretas condenou o ex-governador Sérgio Cabral à prisão e levou à cadeia vários integrantes da cúpula da política fluminense nos últimos anos.
Segundo o magistrado, o juiz não deve decidir de acordo com a vontade popular, mas o Judiciário pode e deve priorizar os assuntos que a sociedade elege como os mais importantes. E o combate à corrupção, lembrou o juiz, tem o apoio da grande maioria da população brasileira.