Um tribunal do Peru decidiu na última segunda-feira que o ex-presidente Alberto Fujimori deve ir a novo julgamento por um massacre de seis camponeses em 1992, sublinhando que a imunidade concedida no indulto de dezembro do ano passado não inclui indiscriminadamente a todos os seus crimes. Fujimori é responsável pelos crimes de homicídio, sequestro e associação criminosa executados pelo esquadrão paramilitar em Pativilca, um povoado ao norte de Lima.
“O Colegiado B da Sala Penal Nacional decide que no caso Pativilca não se aplica o direito de graça por razões humanitárias ao ex-presidente Alberto Fujimori. Portanto, não será excluído do julgamento neste caso”, informou o poder judicial.
Fujimori cumpria uma condenação de 25 anos de prisão por outros dois massacres realizados por seu governo (1990-2000), marcado pela submissão aos interesses estadunidenses, quando foi indultado às vésperas do Natal pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski (PPK). Com seu governo comprovadamente atolado em práticas de corrupção, PPK usou o “perdão” como moeda de troca para que a bancada fujimorista não votasse pelo seu afastamento.
De acordo com a Procuradoria, além de Fujimori outras 23 pessoas, entre elas ex-integrantes de um grupo paramilitar e das Forças Armadas, devem ir para a prisão.
“Se o direito de graça, o perdão, for aplicado, iremos a instâncias internacionais”, declarou a advogada das vítimas, Gloria Cano.
Fujimori foi colocado em liberdade após passar 12 anos preso, como autor mediato da morte de 25 pessoas em duas ações contra oposicionistas em Barrios Altos e na Universidade La Cantuta em 1991 e 1992.