As vendas do comércio varejista brasileiro caíram 6,1% em dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (10). Foi o maior tombo para o mês de dezembro da série histórica iniciada em 2000.
No ano da pandemia da Covid-19, não aconteceu o crescimento nas vendas, impulsionado pelas tradicionais festas de fim de ano, devido ao corte no auxílio emergencial pela metade, à inflação de alimentos e às medidas de isolamento social diante do recrudescimento da pandemia.
Todas as atividades do comércio registraram queda na comparação com novembro. As maiores contribuições para o recuo vieram das vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-13,8%), tecidos, vestuário e calçados (-13,3%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-6,8%). Nos hipermercados e supermercados, que tem peso de mais de 50% nas vendas gerais, o recuo foi de 0,3%.
Com o resultado do último mês do ano, o acumulado de 2020 foi positivo em 1,2% na comparação com o ano anterior, embora tenha sido a taxa mais baixa dos últimos quatro anos.
“Com o recuo de dezembro, as vendas do varejo se igualaram ao patamar de fevereiro, período pré-pandemia”, informou o IBGE. O nível de atividade do setor encerrou o ano 6,2% abaixo do pico da série, registrado em outubro de 2020.
O resultado positivo do ano passado é atribuído ao pagamento do auxílio emergencial, que durante boa parte do ano garantiu alguma renda para os desempregados, trabalhadores informais e para as mães, que ficaram sem renda e cuidam sozinhas dos filhos, desamparadas por conta da pandemia.
Não é à toa que as perdas de diversos setores tenham sido compensadas pelo bom desempenho da venda de produtos essenciais, especialmente, do setor de hipermercados, supermercados e produtos alimentícios, que tiveram alta de 4,8% no ano. Outros setores sofreram mais com a crise e com a falta de medidas de socorro. A produção industrial brasileira, por exemplo, encerrou 2020 com um tombo de 4,5%. Já os dados do setor de serviços, o mais afetado pela pandemia, serão divulgados pelo IBGE na quarta-feira (11).
No quatro trimestre, houve queda de -0,2% no comércio varejista na comparação com o terceiro trimestre. Esse foi o período em que o governo decidiu cortar a partir de setembro pela metade a renda emergencial (de R$ 600 para R$ 300).
Além da redução do auxílio emergencial, outro fator que pesou no desempenho do comércio nos últimos meses de dezembro foi a inflação dos alimentos. Segundo io IBGE, o comércio em hiper e supermercados têm um peso maior para a Pesquisa Mensal do Comércio, quase a metade do resultado total. “O que acontece nos mercados influencia bastante a pesquisa. E, por conta dos resultados recentes do IPCA, o volume de vendas acabou sendo afetado”, disse o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Ainda na análise do acumulado do ano, cinco dos 10 setores pesquisados tiveram resultado negativo, apesar do crescimento da média. Os maiores tombos foram nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria (-30,6%) e de tecidos, vestuário e calçados (-22,7%).
Varejo ampliado
No comércio varejista ampliado, que inclui o varejo de veículos e peças e material de construção, o volume de vendas caiu 3,7% em dezembro e fechou o ano em queda de 1,5%. Foi o primeiro recuo anual desde 2016, quando caiu 8,7%.
No acumulado do ano, o varejo de veículos caiu 13,7%. Já a venda de materiais de construção encerrou o ano com resultado positivo de 10,8%.