Inexistência do auxílio em janeiro (e também fevereiro) denuncia que a população mais pobre está comendo menos ou não tendo o que comer. Agora, o emergencial de R$ 250 proposto por Bolsonaro não paga nem metade da Cesta Abrasmercado de R$ 636,40
As vendas nos supermercados despencaram 18,45% em janeiro na comparação com o mês de dezembro, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS).
Na comparação com janeiro de 2020, a vendas cresceram 12%, segundo a pesquisa divulgada na quinta-feira (11). No acumulado de um ano, o índice de consumo da Abras mostrou ainda uma alta de 12%. As varrições do período foram marcadas pelo impacto da pandemia, o isolamento social e o auxílio emergencial que favoreceram as compras nos supermercados. As comparações foram feitas com valores deflacionados pelo Índice de preços ao consumidor (IPCA) do IBGE.
A ABRAS divulgou que a Cesta Abrasmercado, composta por 35 produtos, aumentou 0,22% em relação a dezembro atingindo em média 636,40 em janeiro. Esse valor é 24,40% maior do que o custo da cesta em janeiro de 2020, confirmando a aceleração descontrolada nos preços dos produtos mais necessários para as famílias.
A região Norte apresentou a cesta Abrasmercado com maior custo entre as cinco regiões do país (R$ 715,55), com um acréscimo de 1,42% sobre o mês anterior. Para a região Sudeste, que concentra o maior percentual de habitantes, a pesquisa calculou o custo da cesta em R$ 619,39. A região Sul com R$ 691,85 ficou com o custo acima da média nacional. No Nordeste, a cesta da Abrasmercado em janeiro custou R$ 550,95 e no Centro-Oeste R$ 604,25. Nas duas regiões, a cesta teve um custo menor do que a média nacional, mas também com as menores rendas per capita.
AUXÍLIO EMERGENCIAL SÓ EM ABRIL
Ainda que a cesta da Abras não seja como a cesta básica de alimentos divulgada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que também está bem acima de R$ 600, todas estão bem distantes do miserável auxílio emergencial de R$ 250 proposto pelo governo Bolsonaro para fazer frente ao agravamento da pandemia e da crise econômica.
Ao divulgar o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, a inflação oficial, o gerente da pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov, considerou que o fim do auxílio emergencial às famílias mais carentes diminuiu a procura por itens essenciais, como o arroz.
“O arroz pode ter a questão do auxílio emergencial. Estamos desde janeiro sem. Em janeiro e fevereiro a gente não teve auxílio, houve redução na demanda doméstica pelo arroz”, disse Kislanov. Mas alertou que “desde novembro, os preços dos alimentos continuam subindo”.
O auxílio emergencial foi cortado em dezembro e Bolsonaro promete só retornar o auxílio em abril por menos da metade, por apenas quatro meses e para metade dos que foram beneficiados.
Por outro lado, a inflação dos alimentos triplicou, o gás de cozinha aumentou, o desempregou bateu novo recorde e a pandemia está exigindo mais restrições das atividades econômicas, assim como mais medidas emergenciais de apoio às empresas, aos trabalhadores, principalmente os que perderam renda e não encontram espaço, nem mesmo, no mercado informal de trabalho, estando completamente desamparados.