A declaração de Paulo Guedes, indicado por Jair Bolsonaro como futuro ministro da Economia, de que vai cortar verbas do Sistema S, que reúne instituições com forte atuação em programas de formação profissional e políticas de cultura e lazer, como Senai, Sesi, Senac, Sebrae, provocou reações das entidades que integram o sistema.
Em nota, o Sesi e o Senac afirmaram que a redução no repasse de recursos deixaria “mais de 1 milhão de estudantes sem opção de cursos de formação profissional e 18,4 mil funcionários das entidades perderiam o emprego”.
O Sesi, que tem 1,2 milhão de alunos na educação básica, estima que os cortes levariam ao fechamento de 155 escolas, além de inviabilizar parte da prestação de serviços de saúde. No caso do Senai, que atende 2,3 milhões de alunos, a previsão é que 162 escolas, de um total de 541, fechariam as portas com os eventuais cortes. As regiões mais afetadas seriam Norte e Nordeste.
Segundo o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, a proposta do “guru” de Bolsonaro para a economia terá “efeitos devastadores” sobre essas instituições, responsáveis pela formação técnica e profissional de jovens.
Clésio Andrade, presidente do Sest e do Senat – braço do Sistema S associado ao setor de transportes, divulgou nota afirmando que foram prestados neste ano, até setembro, 8,6 milhões de atendimentos gratuitos de qualificação profissional. As duas entidades têm hoje 148 unidades responsáveis por 8,7 mil empregos diretos.
O Sistema S começou a ser estruturado no país em 1942 para oferecer uma rede de ensino que melhorasse a produtividade da mão de obra e serviços culturais e de lazer com financiamento garantido, mas sem depender da gestão pública. O sistema é voltado prioritariamente para o atendimento aos trabalhadores, mas em regra oferece cursos e oportunidades de lazer e cultura para qualquer um.
Em almoço com empresários na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), na segunda-feira (17), Paulo Guedes disse que vai cortar verbas do Sistema S. “Como é que você diz que tem que cortar isso e cortar aquilo e não vai cortar o Sistema S? Vou cortar sim. Vou meter a faca”, disse ele.
Diante da reação da plateia, ao ouvir vaias do público após a declaração, teve uma atitude desrespeitosa com o setor produtivo presente. “Uhhh!”, debochou ele, ao microfone, imitando os que protestavam. “Vocês acharam que não iria haver cortes?”, indagou aos que vaiavam. “Vai ter sim”, acrescentou Guedes.
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