Investigação encontrou mensagens enviadas por perito ao presidente do PL, que manteve a chamada narrativa para não desagradar a Bolsonaro
Mensagens localizadas pela PF (Polícia Federal) evidenciam que o presidente do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, foi alertado sobre a ausência de provas de fraude nas eleições de 2022.
Essa constatação teria sido enviada por peritos particulares contratados pelo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), logo após a votação do segundo turno.
A propósito, que fraude seria essa cujo pleito elegeu uma bancada de deputados federais para Câmara e do mesmo modo para o Senado de representantes do bolsonarismo.
Na Câmara, o PL elegeu 99 representantes, e no Senado, entre novos e reeleitos, das 27 cadeiras que estavam em disputa, 9 candidatos alinhados com Bolsonaro tiveram êxito.
NÚMEROS DESMENTEM FRAUDE
Mesmo assim, em novembro, a coligação Pelo Bem do Brasil, apoiadora do candidato à reeleição do então presidente Jair Bolsonaro (PL), questionou a confiabilidade do resultado da eleição e pediu judicialmente uma verificação extraordinária das urnas usadas apenas no segundo turno.
Dentre os 15 governadores eleitos e reeleitos no primeiro turno em 2022, 9 declararam apoio à candidatura de Bolsonaro ao Planalto. E 6 eram aliados Lula (PT).
A investigação faz parte do inquérito da tentativa de golpe de Estado. De acordo com investigadores ouvidos pela imprensa, a descoberta robustece o indiciamento de Valdemar Costa Neto, que, como previsto, tomou novo rumo após as eleições municipais.
Ao fazer devassa no celular de um dos peritos do IVL (Instituto Voto Legal) os policiais encontraram mensagens enviadas à cúpula do PL, o que comprovaria que Costa Neto tinha plena ciência de que, com base na perícia contratada pela legenda, não procediam suspeitas de fraude nos votos.
PL QUESTIONOU APENAS O SEGUNDO TURNO
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não aceitou o questionamento apenas do segundo turno e pediu que a parte incluísse também a revisão de todos os eleitos no primeiro turno, o que não foi feito pela coligação dentro do prazo.
Sob o argumento de litigância de má-fé, o então presidente do TSE, Alexandre de Moraes, aplicou multa de R$ 22,9 milhões à coligação.
Meses depois, em depoimento à PF, o próprio presidente do PL admitiu ter sido politicamente pressionado a entrar com a ação.
O inquérito apura a movimentação de mentores, financiadores e executores de tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder, independentemente do resultado da eleição presidencial.