O requerimento já foi apresentado. A julgar pela relevância da oitiva, certamente vai ser aprovado. Há quase 400 requerimentos que aguardam a sanção de Renan, para posterior votação no colegiado. Nesta semana serão ouvidos os ex-ministros e também o atual da Saúde
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, vai ser convocado para prestar depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado. A iniciativa é do vice-presidente da colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que protocolou pedido de convocação do ministro.
A solicitação foi feita, neste domingo (2), e agora vai ser avaliada pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) para votação no colegiado. Caso seja aprovado o requerimento, o ministro deverá comparecer e depor na CPI.
Pela convocação, Randolfe pede que Torres justifique à CPI a declaração dada à revista Veja, quando informou que vai solicitar à Polícia Federal informações sobre os inquéritos que envolvem governadores em desvios de dinheiro destinados para as secretarias de Saúde.
Para o senador, isso é uma tentativa de intimidar a comissão, já que o governo fracassou na tentativa de impedir sua instalação.
“Vou apresentar requerimento para convocar o ministro Anderson Torres. Ameaçar uma investigação é crime. E essa fala é uma ameaça indireta à CPI. Sem conseguir impedir e desarticular a CPI, agora o governo tenta intimidar a comissão. Isso é um movimento claro de usar a Polícia Federal como polícia política. Se deixar, será criado um estado policial. É preciso dar um freio de arrumação”, disse Randolfe ao Blog do Camarotti.
“É necessário entender se essas acusações se estendem ao governo do Distrito Federal, uma vez que até recentemente o ministro era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, órgão competente para investigação de eventuais condutas ou desvios”, justificou Randolfe.
Para agradar ao chefe, os auxiliares e ex-auxiliares vão se comprometendo e se antecipando às demandas da investigação. Foi assim também com o ex-secretário de Comunicação do governo federal, Fábio Wajngarten, que em entrevista à mesma revista se expôs e vai ser convocado a depor na CPI. Com isso, as “cobras vão se picando”.
AMPLIAÇÃO DO FOCO DA INVESTIGAÇÃO
Em entrevista ao colunista Reinaldo Azevedo, neste sábado (1º), Randolfe adiantou sua intenção de entrar com o pedido de convocação de Torres. No mesmo dia que conversou com o jornalista, ele disse que já estava escrevendo o material. O senador comentou que o foco da CPI deve ser ampliado, não questionando somente atos do governo federal.
“Há muitos casos sob investigação nos Estados desde o início da pandemia. O problema é que isso não está sendo falado. Eu vou pedir esses dados à Polícia Federal, tudo o que já foi feito. Há várias operações em andamento. Isso precisa ser mostrado. As pessoas têm de tomar conhecimento disso também”, disse ao colunista.
EX-MINISTROS NA AGENDA
Nesta semana, os ex-ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, irão comparecer à CPI, na terça-feira (4).
No dia seguinte vai ser a vez de Eduardo Pazuello, outro ex-ministro da pasta. A oitiva de Pazuello é a mais aguardada, pois foi o titular da pasta que passou mais tempo no “comando” das ações durante a pandemia; de 3 de junho de 2020 a 23 de março de 2021, entre a interinidade, com a saída de Nelson Teich, em 15 de maio de 2020, até assumir efetivamente o ministério.
Na quinta-feira (6), os senadores vão inquirir o atual ministro, Marcelo Queiroga, e o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres.
Há, atualmente, 353 pedidos apresentados pelos senadores aguardando o acolhimento de Renan e votação pelo colegiado.
M. V.