Na pauta, convocações e pedidos de acesso a dados sigilosos. Para relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), essa primeira fase de tomada de depoimentos e análise de provas pode possibilitar a conexão com novos fatos. Segundo ela, não está descartada a oitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
A CPI Mista do Golpe vai apreciar, na próxima semana, mais de 200 requerimentos.
De acordo com o portal do Senado, a pauta da segunda reunião deliberativa do colegiado deve colocar em votação os pedidos de informações e relatórios à Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
E, também, convocações como a de Anderson Torres, do ajudante de Bolsonaro, Mauro Cid, dos ex-ministros do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno e Gonçalves Dias, e do ex-ministro da Defesa, Braga Neto, entre outros.
Na primeira reunião, ocorrida na terça-feira (6), foi aprovado o plano de trabalho apresentado pela relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
A previsão é que os parlamentarem votem o conjunto de requerimentos que está anexado ao plano de trabalho da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) aprovado na terça. A pauta, no entanto, ainda não foi divulgada pela secretaria da comissão.
Para Eliziane Gama, essa primeira fase de tomada de depoimentos e análise de provas pode possibilitar a conexão com novos fatos. Ela disse que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, pode ser ouvido pela comissão, para o que já há requerimento.
NÃO ESTÁ DESCARTADO OUVIR BOLSONARO
Quanto ao ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), a relatora disse que o decorrer das investigações e o entendimento da maioria da CPMI serão soberanos.
“Sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, é uma pergunta que já me fizeram. É o andar da CPMI que dirá se ele virá ou não. Nós estamos trabalhando com a devida responsabilidade, eu deixei isso muito claro durante cada detalhe do nosso plano de trabalho”, disse a relatora.
“Agora nós vamos receber inquéritos, vamos ter oitivas, e eu acredito que nas próximas semanas teremos de fato um parâmetro melhor se ele será de fato convocado ou não a esta comissão”, completou na primeira coletiva à imprensa como relatora.
Os requerimentos apresentados pela relatora também sugerem a convocação de nomes como de Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública e ex-interventor federal na Segurança Pública do Distrito Federal; e o ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques.
STF
Também devem ser analisados os requerimentos inseridos pelo presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA). A intenção, segundo Maia, é realizar, pelo menos, duas reuniões na próxima semana, na terça-feira (13) e na quinta-feira (15) para encerrar a votação desses primeiros requerimentos e iniciar a fase de análise dos relatórios, imagens e informações que vão subsidiar as oitivas daí em diante.
Grande parte dos requerimentos pede acesso a inquéritos e documentos que estão sob sigilo no âmbito do STF (Supremo Tribunal Federal). Arthur Maia disse que vai se reunir com o ministro do STF, Alexandre de Moraes, para tratar desses documentos.
“Esses pedidos vão dar substância, inclusive, para que possamos inquirir melhor os convocados. E também a convocação e convite de cerca de 40 pessoas e isso, sem dúvida, dá um ponta-pé inicial nas investigações propriamente ditas”, destacou.
“O ministro [Alexandre de Moraes] está realizando um inquérito e, por motivos que naturalmente ele tem, manteve em sigilo de Justiça alguns desses [documentos]. Obviamente que ele tem esses motivos e eu quero, antes de simplesmente solicitar a divulgação de algo que é sigiloso […], conversar com ele e entender as razões para que possa fazer tudo em comum acordo”, ponderou.
A investigação que está sendo feita na CPMI e a investigação que está sendo feita no STF não são inimigas, elas podem se complementar. Uma ajudará a outra”, afirmou o deputado após a primeira reunião da CPMI, nesta terça-feira.
ABIN
Outros pedidos da senadora e também de outros parlamentares pedem que a Abin reclassifique de sigilosos para públicos os relatórios de inteligência produzidos desde dezembro de 2022 e que contenham alertas e análises dos riscos relacionados aos ataques aos prédios públicos ocorridos em janeiro.
Há também requerimentos para que sejam compartilhados os relatórios de inteligência produzidos pela Abin supostamente adulterados pelo ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias.
Os integrantes da CPMI poderão votar ainda a convocação do coronel Jorge Eduardo Naime, ex-comandante de Operações da PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) no dia das invasões, e Saulo Moura da Cunha, ex-diretor-adjunto da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
IMAGENS
Também devem ser analisados os requerimentos para acesso às imagens de todas as câmeras do circuito interno de prédios como do Ministério da Justiça e Segurança Pública, do Congresso Nacional, do STF e do Palácio do Planalto.
Há ainda solicitações de informações e relatórios às forças de segurança pública do Distrito Federal, como a Força Nacional, a Polícia Militar, a Polícia Civil e o GSI. E de pedidos de relatórios da AGU (Advocacia Geral da União), da PGR (Procuradoria Geral da República), do TCU (Tribunal de Contas da União) e do MPF (Ministério Público Federal).
Outro bloco de solicitações está relacionado às plataformas digitais. Os requerimentos buscam ter acesso às imagens e mensagens compartilhadas em cada canal e que estejam ligadas aos ataques do 8 janeiro, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas, ocupadas e vandalizadas.
M. V.