A CPI da Covid-19 no Senado está ouvindo, nesta quinta-feira (30), o empresário Otávio Oscar Fakhoury. O pedido de convocação foi apresentado pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e aprovado pelos parlamentares na terça-feira (28).
Segundo Randolfe Rodrigues, Otávio Fakhoury “foi identificado como o maior financiador de disseminação de notícias falsas”. O senador cita como exemplo os canais Instituto Força Brasil, Terça Livre e Brasil Paralelo. “Esses canais estimularam o uso de tratamento precoce, sem eficácia comprovada, aglomeração e diversas outras fake news sobre a pandemia”, explicou Randolfe no requerimento.
O Instituto Força Brasil tentou intermediar a negociação de vacinas contra Covid-19 entre a empresa Davatti e o Ministério da Saúde. O presidente da entidade, tenente-coronel Hélcio Bruno, já foi ouvido pela CPI.
Apoiador Bolsonaro, Fakhoury entrou na mira da CPI em agosto, quando os senadores aprovaram a quebra dos sigilos bancário, telefônico e telemático desde abril de 2020. A comissão também teve acesso ao sigilo fiscal do empresário, desde 2018.
A CPI já recebeu documentos da Receita Federal e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco, Santander e Paypal também encaminharam informações sobre o empresário.
INVESTIGADO NO INQUÉRITO DAS FAKE NEWS
Fakhoury é investigado no inquérito das Fake News, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes no STF (Supremo Tribunal Federal).
Em junho de 2020, o empresário entrou com pedido de habeas corpus na Corte Suprema para tentar impedir a realização de busca e apreensão no âmbito da investigação. Mas o pedido foi negado pelo relator, ministro Edson Fachin.
Investigadores encontraram documentos sobre a campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro em 2018. O material indica que Fakhoury financiou quase R$ 50 mil em material para campanha. Os gastos não constam na declaração à Justiça Eleitoral.
APOIO A ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS
Os investigadores apreenderam com o empresário, segundo o relatório, notas fiscais de duas gráficas que imprimiram milhares de adesivos e panfletos. A Polícia Federal ainda diz no documento ter localizado mensagem do empresário oferecendo apoio a atos antidemocráticos.
Agentes da PF também encontraram troca de mensagens entre Fakhoury e o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, nas quais eles discutiram proposta para dissolver o STF e o STJ (Superior Tribunal de Justiça). O empresário sugere “uma saída plebiscitária”.
De acordo com os documentos, a ideia foi discutida por advogados e empresários aliados de Bolsonaro.
Em outro pedido de habeas corpus, Otávio Fakhoury e outros investigados do inquérito das Fake News tentaram obter salvo-conduto e a declaração da ilicitude das provas produzidas pela investigação. Mas o pedido também foi recusado por Fachin.
“DEUS, FAMÍLIA E PÁTRIA”
Nas redes sociais, Otavio Fakhoury usa a frase “Deus, Família e Pátria” para se definir. Empresário também é vice-presidente do Instituto Força Brasil, presidente do diretório do PTB em São Paulo e já foi gestor do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos.
Na política, antes de ocupar a presidência do diretório do PTB em São Paulo, Fakhoury foi tesoureiro do PSL em São Paulo – à época, o diretório era presidido pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro.