CPI pede e PF faz operação contra a Precisa, empresa da vacina superfaturada

Operação aconteceu por volta das 6h da sexta-feira (17). Foto: Reprodução - TV Record
CPI apura as irregularidades na compra da vacina Covaxin, intermediada pela Precisa

A pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, a Polícia Federal executou nesta manhã de sexta-feira (17) uma operação de busca e apreensão na sede da Precisa Medicamentos

Os mandados acontecem em endereços em Barueri e em Itapevi, na Grande São Paulo, em escritórios da empresa e locais de armazenamento de distribuição de produtos.

A operação foi solicitada pela CPI e autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

 A Precisa intermediou a compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde e é investigada pela CPI por irregularidades. A Covaxin é produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

O contrato para compra foi no valor total de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses.

O senador Randolfe Rodrigues Rede-AP), vice-presidente da CPI, informou que “a CPI tentou de todas as formas obter essas informações e não logrou êxito”. “Fez-se necessário, para prosseguimento das apurações, a utilização deste instrumento judicial”, escreveu em seu Twitter.

Em entrevista ao canal Globonews, Randolfe disse que o “objetivo em especial é obter o original do contrato da Bharat com a Precisa. A CPI tentou de diversas formas obter esse contrato e não conseguiu”.

A CPI da Covid pediu buscas também no Ministério da Saúde na operação da Polícia Federal desta sexta-feira (17), mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) opinou contra, e o pedido acabou negado.

Graças à CPI da Pandemia – que Bolsonaro foi contra a sua instalação – as denúncias de ilegalidades na compra da Covaxim vieram a público e o governo acabou suspendendo o contrato com a Precisa.

A indiana Bharat também rompeu sua parceria com a Precisa diante das irregularidades.

Em depoimento à CPI, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, denunciou que foi pressionado pela cúpula do ministério a liberar um adiantamento irregular de US$ 45 milhões para a Precisa a serem depositados numa empresa situada num paraíso fiscal. O que não estava previsto no contrato.      

Miranda denunciou o caso também ao Ministério Público Federal (MPF).

Ele e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), chegaram a denunciar o caso em audiência com Bolsonaro, que se comprometeu a levar as denúncias para que a PF investigasse.

Bolsonaro nunca encaminhou a denúncia à PF para investigar e abafou o caso.

Foi pela ação da CPI e do MPF que o pagamento à Precisa não se concretizou.

O Tribunal de Contas da União (TCU) verificou que a Covaxin foi a vacina mais cara negociada pelo governo federal até agora: R$ 80,70 a unidade, valor quatro vezes maior que a vacina da Fiocruz, a AstraZeneca.

O TCU também mostrou que o contrato da Covaxin foi o que teve um desfecho mais rápido. Ao todo, o Ministério da Saúde levou 97 dias para fechar o acordo, enquanto o contrato com a Pfizer, por exemplo, levou 330 dias.

Leia nota da CPI sobre a operação:

“Desde às 6h de hoje (17), a Polícia Federal realiza operação de BUSCA E APREENSÃO na sede da PRECISA COMERCIALIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS LTDA., nos endereços Avenida Tamboré, nº 267, 28º andar, Barueri – SP e Avenida Portugal, nº 1100, Bairro Itaqui, Itapevi – SP.

A operação é cumprimento de solicitação realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal para apurar ações e omissões no enfrentamento da Pandemia da COVID-19 no Brasil (CPI da Pandemia), sob decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, através de sua Excelência, o Ministro Dias Toffoli.

A operação destina-se à busca e apreensão de informações relativas ao contrato entre a Precisa Medicamentos e a Empresa Indiana Bharat Biotech, assim como todos os documentos relacionados a este contrato.

A CPI buscou de todas as formas obtenção dessas informações junto à Empresa e ao Ministério da Saúde, não obtendo êxito. Devido a isso, se fez necessária a utilização deste instrumento judicial.

Senador Omar Aziz (Presidente da CPI da Pandemia)
Senador Randolfe Rodrigues (vice-presidente)
Senador Renan Calheiros (Relator)”

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