Base governista fecha questão, desidrata diversionismo da oposição e mantém foco nos critérios de perícia e na fila de benefícios. Governador de Minas, Romeu Zema, foi convocado para explicar sua ligação com a Zema Crédito
A CPMI do INSS rejeitou, nesta quarta-feira (3), os requerimentos que pediam a convocação de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e do ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias.
As solicitações partiram da oposição, que tenta desviar o escopo das investigações e transformar em palanque os trabalhos da comissão. A base governista reagiu rapidamente e derrotou as propostas.
Os governistas argumentaram que não há qualquer relação de ambos com os temas centrais da CPMI: a revisão dos fluxos de perícia, os contratos de atendimento terceirizado e o enfrentamento das longas filas do INSS.
A convocação, afirmaram, seria tentativa de desviar o foco e transformar a comissão em palanque político. Por isso, os requerimentos foram derrotados por 19 a 12.
Com os trabalhos da comissão avançando e apontando que foi no governo Bolsonaro que surgiram os problemas dos descontos não autorizados dos aposentados, os bolsonaristas procuram pelo em ovo para desviar o assunto.
PROVOCAÇÃO DERROTADA
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou que o pedido é provocação e lembrou que os advogados-gerais da União do governo Bolsonaro, ao contrário do Messias, não foram chamados.
“É mais uma tentativa, mais uma, da oposição de desviar o foco da investigação, de confundir a opinião pública, mas nós não vamos permitir que isso seja feito. O ministro Jorge Messias merece todo o nosso respeito, o nosso reconhecimento, temos plena confiança no trabalho dele e, portanto, não há nenhuma necessidade da aprovação desse requerimento”, disse a senadora.
MANOBRA ESVAZIADA
A oposição sustentou que seria necessário ampliar o rol de depoentes para “garantir transparência total” nas apurações. Não conseguiu, porém, apoio suficiente nem entre parlamentares independentes.
O recuo evidencia o isolamento da estratégia oposicionista na CPMI e reforça o controle do governo sobre a pauta.
Parlamentares aliados ao Planalto ressaltaram que o objetivo da CPMI é enfrentar problemas estruturais do INSS. Não produzir factoides. “Não vamos transformar a comissão em arena para disputas eleitorais que nada têm a ver com a fila do INSS”, resumiu integrante da base.
TRABALHOS SEGUEM COM FOCO TÉCNICO
Com a rejeição das convocações, a comissão deve retomar o plano de trabalho aprovado anteriormente, que prevê ouvir ex-dirigentes do instituto, auditores, peritos e representantes das empresas contratadas para atendimento remoto.
O relator também pretende apresentar, nas próximas semanas, conjunto de recomendações para combater fraudes, acelerar análises de benefícios e aperfeiçoar a gestão digital.
OBJETIVO É EFICIÊNCIA, NÃO ESPETÁCULO
A decisão de barrar depoimentos de alto teor político reflete a tentativa de a CPMI manter o foco em temas administrativos e operacionais.
A comissão enfrenta pressão pública para dar respostas rápidas às falhas do sistema.
Especialmente à demora na concessão de aposentadorias, auxílios e benefícios por incapacidade.
Ao neutralizar a ofensiva da oposição, a maioria reforça a mensagem de que o trabalho deve ser técnico. O governo ganha fôlego para conduzir as discussões e tenta evitar que a CPMI se transforme em palanque, mirando 2026.
DERROTA POLÍTICA DA OPOSIÇÃO
A rejeição dos requerimentos também expõe o enfraquecimento da estratégia oposicionista de usar a CPMI para desgastar o presidente Lula (PT) e aliados.
Sem votos suficientes para avançar com convocações de impacto político, a oposição perde espaço e vê a comissão seguir rumo menos favorável para às narrativas que lhes são convenientes.
A CPMI segue, agora, pressionada a entregar resultados práticos. E não ruído político.
ZEMA
Por isso mesmo a CPMI decidiu, nesta quinta-feira (4), a convocação do governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
Em ofício à CPMI, Zema procurou se desvincular da empresa ligada a ele e afirmou ainda que “não tem esclarecimentos acerca das atividades da Zema Crédito, os quais podem e devem ser prestados pela diretoria da companhia”.
O requerimento foi apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) que alegou não ser essa convocação “uma perseguição política”. Segundo o parlamentar, Romeu Zema ainda mantém 16,41% das ações da empresa.
“Exatamente, essa data de 2018, em que ele saiu da financeira, foi que ele recebeu do governo Bolsonaro a tarefa de fazer [empréstimos] com consignados do BPC, os mais pobres de Minas Gerais”, disse o deputado Rogério Correia para a Agência Senado











