A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Golpe tentará ouvir nesta terça-feira (8) Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro.
A CPMI investiga os financiadores, operadores e incentivadores dos atos golpistas que culminaram com as invasões e depredações nas sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, com o objetivo de pavimentar as condições para um golpe pró-Bolsonaro.
Torres comparece ao depoimento escorado em uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, publicada na noite da segunda-feira (7), que lhe permite ficar em silêncio na comissão em questões que possam incriminá-lo.
Anderson Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito na época dos acontecimentos de 8 de janeiro. Mas viajou para os EUA na véspera dos atentados – que havia sido avisado de que ocorreriam – e deixou a secretaria acéfala, sem plano de combate aos terroristas que queriam dar um golpe e impedir o presidente Lula de governar.
Sua evidente e grave omissão teve resposta no mesmo dia dos atos golpistas, quando o governador do DF, Ibaneis Rocha, o demitiu do cargo.
Ele teve prisão decretada em 14 de janeiro. Foi preso ao voltar ao Brasil e permaneceu detido por quatro meses. Sua soltura foi autorizada no dia 11 de maio pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou medidas cautelares, entre as quais uso da tornozeleira eletrônica.
Na casa de Torres, a Polícia Federal, em operação de busca e apreensão, encontrou uma minuta de decreto golpista, com o objetivo de intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e anular fraudulentamente a eleição do presidente Lula. O documento estava numa pasta com timbre do governo federal.
O depoimento de Torres foi objeto de 17 requerimentos. Entre seus os autores, estão a própria relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Eduardo Girão (Novo-CE), Rogério Carvalho (PT-SE), Fabiano Contarato (PT-ES), Marcos do Val (Podemos-ES), Izalci Lucas (PSDB-DF).
Com base no plano de trabalho, a senadora Eliziane Gama classifica como importante a colaboração do Torres, que ficou preso por quatro meses e está em uso de tornozeleira eletrônica, como testemunha para esclarecer fatos relacionados ao 8 de Janeiro.
A comissão também aprovou a quebra de sigilo telefônico de Anderson Torres. Entre outros dados, os parlamentares requerem informações sobre a minuta golpista.
Fonte: Agência Senado