Em dezembro, as vendas do comércio varejista caíram 1,3% em relação a novembro e fecharam o ano em 1,7%, segundo o IBGE
Mesmo que a expectativa fosse maior por conta das festas de final de ano, o volume de vendas do comércio varejista brasileiro caiu 1,3% em dezembro ante novembro, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (7). Apesar dos resultados do último mês do ano, o setor logrou crescimento de 1,7% no acumulado de 2023. Na comparação com dezembro de 2022, o mês também foi positivo, com aumento de 1,3%.
Mesmo com recuperação da renda, com o aumento do salário mínimo e o desemprego em queda, os juros ainda em patamares elevados e o alto endividamento e inadimplência das famílias não esquentaram as vendas no final do ano.
“Se, em 2020 e 2021, a crise sanitária ditou o ritmo das vendas, a partir de 2022, as baixas condições de consumo da população, com crédito caro e juros altos, justificaram o fraco desempenho do varejo”, segundo o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes.
Bentes destacou que os setores mais dependentes das condições de crédito, como os de artigos de uso pessoal e doméstico, de vestuário e de materiais de construção, enfrentaram o encarecimento do crédito no ano passado. “A taxa de juros das operações de crédito com recursos livres foi mais alta em 2023, em comparação com o ano anterior, o que impactou negativamente o consumo nesses segmentos”, ressaltou o economista.
Seis das oito atividades do comércio pesquisadas pelo IBGE tiveram queda na passagem de novembro para dezembro, com destaque para bens os bens de consumo duráveis, que mais demandam crédito, logo os que mais sofrem : equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-13,1%), Móveis e eletrodomésticos (-7,0%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,8%), Tecidos, vestuário e calçados (-3,5%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,3%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,5%).
Combustíveis e lubrificantes (1,5%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,8%) foram as atividades que tiveram alta no mês. Já no varejo ampliado, Veículos e motos, partes e peças caiu 4,5% e Material de construção variou 0,4%. Com a inclusão dessas categorias, o resultado foi de queda de 1,1%.
No acumulado do ano de 2023, o setor de Hiper, supermercados registrou acúmulo positivo em 3,7%, resultado superior ao acumulado em 2022 (1,4%). Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria apresentou alta de 4,7%.
Já o grupo de Tecidos, Vestuário e Calçados, mais sensível à capacidade de crédito da população, teve queda 4,6% no período. No mesmo sentido, a atividade de Móveis e eletrodomésticos teve resultado positivo de 1,0% na comparação com 2022, salientando que o desempenho positivo de 2023 vem depois da uma queda de 6,7% em 2022 em relação a 2021.
Para o varejo ampliado, o setor acumulou alta de 2,4% em 2023, com variação nula (0%) ante dezembro passado. Em volume, as vendas de veículos tiveram a maior impacto na alta anual, com crescimento de 8,1% sobre 2022, impulsionada pela ajuda do governo que reduziu impostos federais visando baratear os carros novos. O segmento de materiais de construção, contudo, fechou o ano de 2023 acumulando perdas de 1,9% em relação ao ano anterior, de menor intensidade que a comparação de 2022 com 2021: -8,7%.