Com a perda de renda e emprego por conta da Covid-19, “é importante viabilizar prazos mais longos para os pagamentos das dívidas, como forma de evitar o crescimento da inadimplência nos meses à frente”, defende Roberto Tadros, presidente da CNC
O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso, e que, portanto, permaneceriam inadimplentes, aumentou, passando de 9,9% do total em abril para 10,6% em maio. É o maior percentual para o mês desde 2010, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC).
O total de famílias que se declararam muito endividadas também aumentou em maio, chegando a 16% e atingindo o maior percentual desde setembro de 2011.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da CNC, divulgada no dia 20, aponta que o número de famílias endividadas com cartão de crédito, cheque especial, carnês, prestações de automóveis ou empréstimo pessoal cresceu em maio sobre o mesmo período do ano passado, atingindo 66,5%. A entidade registrou que houve uma ligeira queda em relação a abril, quando naquele mês atingiu recorde histórico (66,6%).
Apesar das medidas para enfrentar a crise provocada pela pandemia do coronavírus, como a injeção de liquidez nos bancos e a queda na taxa de juros, o crédito que não chega nas empresas também “não chega de fato para os consumidores”, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
“Apesar da pequena queda no mês, o endividamento das famílias está em proporção elevada, sendo importante também viabilizar prazos mais longos para os pagamentos das dívidas, como forma de evitar o crescimento da inadimplência nos meses à frente”, diz Roberto Tadros.
Em meio à pandemia, muitos brasileiros perderam emprego e renda, o que justifica o aumento das famílias com dívidas. O auxílio de R$ 600 – aprovado no Congresso, mas distribuído a contragosto e tardiamente pelo governo federal – foi uma das poucas medidas emergenciais de amparo às famílias.
Os mesmos bancos que empoçam o crédito para as empresas conseguirem atravessar a crise, continuam como os detentores da maior parte das dívidas das famílias: 76,7%.